
(12/10/2025) – A Tupy, através de sua subsidiária MWM, fechou acordo estratégico de cooperação tecnológica com a companhia chinesa Yuchai, uma das maiores fabricantes de motores do mundo. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre deste ano a empresa comercializou 250.396 unidades, conforme balanço divulgado no início de agosto.
Com isso, a MWM passa a ser a distribuidora oficial da Yuchai na América Latina, com responsabilidade pela comercialização de motores, grupos geradores, soluções híbridas elétricas, peças e serviços, além de suportar o desenvolvimento de plataformas de grande porte a etanol, metanol, biometano e biodiesel por meio de seu Centro Tecnológico, o maior da América Latina.
A parceria viabilizará também a oferta de grupos geradores de grande porte para datacenters e outras aplicações que demandam alta capacidade energética, com potências de até 4.000 kVA. A parceria também inclui a distribuição de motores marítimos de trabalho com potências de até 4.000 hp e superior a 120 litros de deslocamento volumétrico, incluindo novos combustíveis, como o metanol e gás liquefeito.
“Tempestade de Mudanças” – Esta iniciativa faz parte do novo plano estratégico da multinacional brasileira. Em entrevista recente ao jornal “O Estado de São Paulo”, Rafael Lucchesi, CEO da Tupy, declarou que a empresa está passando por “uma tempestade de mudanças”.
De acordo com o CEO, foi definido um plano de readequação industrial das cinco plantas de cabeçotes e blocos de motor da empresa, que envolve um programa de ajuste da capacidade produtiva que trará ganhos de competitividade, aliado a ganhos financeiros.

Atualmente, a Tupy tem unidades de produção em três países: Brasil (Joinville e Betim), México (Saltillo e Ramos Arizpe) e Portugal (Aveiro). Desde 2023, a empresa é dona também da MWM, de São Paulo, fabricante de motores e de geradores de energia.
Na entrevista, Lucchesi adiantou que linhas produtivas mais antigas e menos tecnológicas serão fechadas. O ajuste vai significar redução de 25% na capacidade da companhia. O objetivo, com a readequação, é atender a demanda de forma mais eficiente, viabilizar novos projetos e ampliar a rentabilidade.
Novos negócios – A empresa está apostando suas fichas no potencial de ampliação dos negócios na área de energia e descarbonização. Este segmento envolve, de um lado, a fabricação de geradores de energia e motobombas voltados principalmente ao agronegócio e torres de iluminação.
O outro pilar deste segmento são as plantas de produção de biometano e fertilizante organomineral a partir de dejetos de aves e suínos. O desenvolvimento desse negócio está sendo feito em parceria com produtores desses animais. A Tupy entra com os equipamentos e a tecnologia para a instalação da usina. Para Lucchesi, as novas áreas de negócios “têm potencial de dobrar o tamanho da empresa”.

Hoje, a empresa já conta com três projetos em andamento, mas o plano é chegar a 32 plantas em cinco anos, segundo o CEO. O mais avançado deles é a parceria com a cooperativa agrícola Primato, de Toledo (PR), firmada no ano passado, que envolve 27 cooperados e um plantel de 65 mil suínos. A bioplanta deverá produzir mais de 10 mil toneladas anuais de fertilizante organomineral, usado na agricultura regional.
Outro projeto foi firmado com a Granja Rancho da Lua, de Divinópolis (MG), para processar os resíduos de cerca de 500 mil aves, voltada à geração de energia elétrica na propriedade, além de 25 mil toneladas de fertilizantes.
A terceira planta é uma parceria com a Seara, em Santa Catarina, visando transformar resíduos da suinocultura e avicultura em fertilizante organomineral, biometano e dióxido de carbono. O projeto envolve 200 mil suínos e 1,7 milhão de aves.
O biometano tem sido utilizado como substituto de combustíveis fósseis em indústrias, residências e frotas, impulsionando a transição energética e a redução de gases de efeito estufa.

Motores Marítimos e para Data Centers – Outro foco da empresa está no mercado de motores marítimos e data centers. É aí que entra a nova parceria com a Yuchai. A MWM faz motores com capacidade de quatro a sete litros, que atendem a montagem de veículos leves, caminhões e ônibus, mas não grandes embarcações marítimas, que exigem motores de até 120 litros.
No caso dos motores para uso em data centers, o CEO considera um mercado bastante promissor e que esta área está em forte expansão e o Brasil deve receber vários empreendimentos futuros. Esses motores potentes são usados na refrigeração dessas instalações.
A Tupy anunciou em agosto dois novos projetos estratégicos, os quais têm previsão de receita anual de R$ 97 milhões. Eles reforçam a atuação nos mercados de transporte de cargas (locomotivas) e geração de energia (data centers). No segundo caso, a empresa vai fornecer cabeçotes para motores de grupos geradores destinados a data centers.
Os resultados financeiros da empresa neste ano deverão fechar em queda, diante do cenário difícil que enfrentou a partir do segundo trimestre. De abril a junho, a receita líquida recuou 6% sobre igual período de 2024, para R$ 2,6 bilhões. O maior impacto veio do mercado de veículos comerciais nos Estados Unidos e Europa. Já as operações MWM apresentaram crescimento de 12% no período.
“Em 2026, com a melhoria prevista a partir do segundo trimestre, vamos avançar com o negócio tradicional e com os novos negócios”, ressaltou Lucchesi.