(07/09/2025) – O processo de renovações antecipadas de concessões de ferrovias tem capacidade de injetar mais de R$ 70 bilhões em investimentos no setor em todo o País. Esta é a expectativa da Abifer – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária.
Vicente Abate, presidente da entidade, em entrevista ao jornal Diário do Comércio, disse que este ciclo de concessões ferroviárias que esses recursos devem ser aplicados na aquisição de locomotivas, vagões, revitalização das ferrovias, melhorias no contorno das cidades, entre outras medidas.
Na avaliação de Abate, grande parte desses aportes devem ser realizados num período muito menor do que os prazos de 30 anos das renovações antecipadas. “Temos a informação de que as concessionárias podem fazer 80% destes investimentos entre os cinco e dez primeiros anos das concessões”, informou.
A expectativa da entidade com as concessões ferroviárias foi revisada para cima com o encaminhamento da renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), administrada pela VLI Logística. O governo federal chegou a um acordo com a concessionária em julho deste ano.
“O número previsto era de R$ 65 bilhões com as renovações, só que o número da FCA saiu maior do que a gente tinha previsto, então esses números estão sendo naturalmente revisados a cada momento que a concessionária pede a renovação e vão se concretizar em mais investimentos”, disse Abate.
A prorrogação do contrato da FCA se juntará com as renovações das concessões das Estradas de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e de Carajás (EFC), ambas da Vale, da Malha Sudeste, de propriedade da MRS Logística, e da Malha Paulista, administrada pela Rumo Logística.
De acordo com o dirigente da Abifer, esse cenário está animando o setor ferroviário para que a produção de locomotivas se aproxime da m[édia histórica da última década, de 83 locomotivas por ano, com um pico de produção de 129 locomotivas e mais de 4 mil vagões.
“A demanda existe, o Plano Nacional de Ferrovias está levantando a demanda em termos de estrutura física de ferrovias e mencionou três projetos, Fico-Fiol (Ferrovias de Integração Centro Oeste e Oeste-Leste), Transnordestina e Ferrogrão”, comentou, acrescentando que “a Ferrogrão continua travada, mas o Ministério dos Transportes está em contato com o STF para poder pacificar essa questão”.
LOCOMOTIVAS – Um dos segmentos industriais que deve ser impactado positivamente é o de produção de locomotivas. As empresas Wabtec Corporation e Progress Rail, ambas com fábricas em Minas Gerais, deve, fechar o ano de 2025 com 70 unidades produzidas, volume 55,5% acima a expectativa de 45 locomotivas para o ano, traçada pelo setor ao fim de 2024.
Nos últimos dois anos foram anunciados vários contratos firmados por essas duas empresas com operadores nacionais e estrangeiros. Em abril, por exemplo, a Wabtec fechou um acordo com a Vale para o fornecimento de 50 locomotivas para a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e para a Estrada de Ferro Carajás (EFC), com entregas previstas para 2026.
No início do ano passado, a Wabtec fechou negócio com a MRS Logística para a venda de 30 locomotivas. E, em julho deste ano, a empresa anunciou a venda de 17 locomotivas para a CBH Group, a maior cooperativa de grãos da Austrália, que serão produzidas na fábrica de Contagem (MG).
Também foi anunciado, no início de 2025, o acordo assinado pela COFCO International com a Rumo Logística que prevê o investimento de R$ 1,2 bilhão para a compra de 979 vagões e 23 locomotivas para transportar grãos e açúcar até o terminal recém-adquirido pela COFCO no Porto de Santos. A operação será realizada pela Rumo.
A VLI – companhia de soluções logísticas que opera portos, ferrovias e terminais – a VLI acumula a aquisição de 20 locomotivas nos últimos dois anos. O mais recente foi assinado com a Progress Rail para a aquisição de oito locomotivas, para o transporte de cargas no corredor Sudeste da Ferrovia Centro-Atlântica. A Progress Rail produzirá o material rodante em Sete Lagoas (MG), com entrega prevista para até o final de 2025.
