
(*) Patrik Eurenius
(02/08/2025) – Os níveis globais de resíduos estão aumentando rapidamente e a ONU prevê que os resíduos municipais atingirão 3,8 bilhões de toneladas até 2050. Atualmente, 50% de todos os resíduos municipais são industriais. Para evitar que as projeções da quantidade de resíduos se tornem realidade e para conter as emissões globais, é essencial reduzir os resíduos industriais.
As ferramentas de corte são vitais para indústrias como a aeroespacial, automotiva e de petróleo e gás, onde enfrentam condições extremas, como alta pressão, calor intenso e materiais abrasivos. Esses ambientes desfavoráveis inevitavelmente fazem com que as ferramentas se desgastem e alguns fabricantes podem se sentir inclinados a substituí-las prematuramente para evitar interrupções.
Porém, a vida útil de uma ferramenta pode não ter chegado ao fim. Com uma estratégia de recondicionamento comprovada, uma ferramenta pode ser usada de forma eficaz várias vezes mais.
Hora de afiar – O recondicionamento de ferramentas envolve mais do que apenas uma simples reafiação. É um processo de precisão, multietapas, desenhado para restaurar uma ferramenta desgastada à sua geometria original. Ao fazer isso, a vida útil da ferramenta é prolongada e a dependência de matérias-primas é minimizada, permitindo que os fabricantes aproveitem a tecnologia de ferramentas em todo o seu potencial.
Primeiro, a ferramenta desgastada passa por uma inspeção detalhada. Equipamentos de metrologia avançada são usados para avaliar os padrões de desgaste e a integridade estrutural da ferramenta. Isso inclui a identificação de defeitos como escamação, desgaste em crateras e lascamento. Esse passo inicial é fundamental, pois além de identificar as áreas que precisam de atenção, determina se a ferramenta pode passar por recondicionamento.

Se a ferramenta for considerada adequada para recondicionamento, inicia-se a reafiação. Isso é feito com máquinas CNC avançadas, que restauram as arestas de corte e o perfil geométrico da ferramenta com precisão de micrômetros em relação às especificações originais. Durante este estágio, é tomado grande cuidado para gerenciar as cargas térmicas e manter o alinhamento preciso entre a aresta de corte e o eixo central do corpo da ferramenta, evitando comprometer o núcleo estrutural da ferramenta.
Em seguida, uma nova cobertura é aplicada para aumentar a resistência da ferramenta ao calor, abrasão e desgaste químico. Isso é feito por meio de processos extremamente precisos, como deposição de vapor físico (PVD) ou deposição de vapor químico (CVD), para garantir uniformidade e ligação ideal. Os processos de PVD são tipicamente recomendados para ferramentas de alta precisão, pois operam em temperaturas mais baixas, o que ajuda a evitar distorções térmicas.
Após a reafiação e o revestimento, a ferramenta recondicionada passa por rigorosos testes de desempenho que incluem análise de integridade da aresta, avaliação de adesão da cobertura ou teste de risco e comparação de desempenho com novas ferramentas. Esses testes refletem aqueles aplicados a ferramentas novas e são desenhados para garantir que a ferramenta recondicionada atenda aos padrões originais de manufatura em termos de desempenho, qualidade e precisão.
Quando prontas, as ferramentas são limpas e colocadas em embalagens protetoras para evitar danos durante o transporte. Em seguida, são devolvidas ao cliente, prontas para serem reutilizadas com alta precisão e eficiência no chão de fábrica.
Além do desempenho da ferramenta – Por meio de sua rede global de centros de recondicionamento, a Sandvik Coromant oferece um serviço de recondicionamento completo e ponta a ponta. Além do desempenho das ferramentas, esses centros estão ajudando a impulsionar uma mudança mais ampla nas práticas de manufatura
Além de seus centros de recondicionamento, a Sandvik Coromant também tem seu próprio programa de reciclagem para ferramentas de metal duro que estão desgastadas a ponto de não poderem ser recondicionadas. Na sua planta de reciclagem na Áustria, ferramentas de metal duro desgastadas são coletadas e transformadas em novos produtos. Esse processo inclui a recuperação de recursos críticos, como o tungstênio.
Devido ao seu alto ponto de fusão, resistência e durabilidade, o tungstênio é um material crítico em máquinas-ferramenta, especialmente para ligas de alto desempenho, cada vez mais comuns na manufatura aeroespacial e automotiva. No entanto, as reservas remanescentes de tungstênio na Terra são de apenas cerca de 7 milhões de toneladas, ou 100 anos de consumo. Isso torna o processo de recuperação da Sandvik Coromant crucial não apenas para reduzir a pegada de carbono, mas também para manter o avanço da manufatura.
Reduzir os resíduos industriais é essencial para limitar as emissões e cumprir as metas climáticas. O recondicionamento de ferramentas ajuda os fabricantes a repensar os resíduos e a se afastar das práticas tradicionais de consumo. Em última análise, essa prática contribui para um mundo mais eficiente em termos de recursos e ambientalmente resiliente.
(*) Patrik Eurenius é chefe de Sustentabilidade e SSMA na Sandvik Coromant