
(16/04/2023) – A indústria automotiva brasileira fechou o primeiro trimestre de 2023 em alta de 8% sobre o mesmo período do ano passado. Porém, como a base de comparação é muito baixa – lembre-se que, no início de 2022, estávamos no auge da crise dos semicondutores – a indústria não vê motivo para comemorar o resultado positivo. A Anfavea, aliás, frisa que “o volume cresceu apenas 8%”.
Na verdade, os 538 mil veículos produzidos de janeiro a março estão bem abaixo dos volumes fabricados nos primeiros trimestres de 2020 e 2021. Em 2020, foram produzidos 585 mil veículos, enquanto em 2021 a produção somou 597 mil.
“Nesses três primeiros meses tivemos oito paralisações de fábrica e dois cancelamentos de turno, algo semelhante às paradas verificadas no início de 2022”, disse Márcio de Lime Leite, presidente da Anfavea, ao apresentar o balanço do setor. “A diferença é que no ano passado o motivo era somente a falta de componentes, enquanto agora já há outros fatores provocando férias coletivas, como o resfriamento da demanda”.
Vendas – Já a comercialização de veículos no trimestre somou de 472 mil unidades. “O crescimento de 16,3% sobre o mesmo período do ano passado poderia indicar sinais de recuperação”, ressalva a entidade, lembrando que em 2022 faltavam carros nas concessionárias. De acordo com a Anfavea, em relação aos volumes de antes da pandemia, a defasagem nas vendas é superior a 20%.
“A fotografia do momento seria pior se não fossem as boas vendas para locadoras em março, 28% do total. Essas empresas ainda têm uma considerável demanda reprimida, mas isso não vai sustentar nossos volumes por tanto tempo caso não haja uma reação mais forte no varejo, o que depende de melhorias nas condições de financiamento, entre outras medidas para reaquecer o mercado”, analisou Leite.
Exportações – As exportações em março mantiveram a média diária de 1.900 unidades de fevereiro, o que indica o cumprimento de contratos com os principais destinos, mas sem grande crescimento de volumes. Na comparação trimestral, as 112,2 mil unidades embarcadas entre janeiro e março representaram crescimento de 3,9% sobre o mesmo período de 2022.