(18/09/2022) – A Universidade de São Paulo (USP), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e as empresas Shell Brasil, Raízen e Hytron assinaram acordo de cooperação para a construção de equipamentos de produção de hidrogênio a partir do etanol.
A parceria visa validar a tecnologia por meio da construção de duas unidades-piloto, dimensionadas para produzir 5 kg/h de hidrogênio e, posteriormente, a implementação de uma fábrica com capacidade quase dez vezes maior, de 44,5 kg/h.
O acordo inclui ainda uma estação de abastecimento veicular no campus da USP, em São Paulo. Para efeito de amostra, um dos ônibus utilizados pelos estudantes da Cidade Universitária deixará de utilizar motores de combustão interna e passará a ser abastecido com motores elétricos à base de hidrogênio.
Com início da operação prevista para 2023, a iniciativa visa prover com uma solução de baixo carbono o transporte pesado no país, incluindo caminhões e ônibus, com o primeiro posto a hidrogênio de etanol no Brasil e no mundo.
O hidrogênio a partir de etanol será produzido com o biocombustível fornecido pela Raízen e a tecnologia desenvolvida e fabricada pela Hytron, com suporte do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras do Senai, além de financiamento da Shell Brasil.
A Hytron é uma empresa formada por ex-alunos da Unicamp e teve tecnologia desenvolvida em colaboração com o Laboratório de Hidrogênio (LH2) da universidade e que, atualmente, pertence ao grupo alemão Neuman & Esser Group e tem sede na cidade de Sumaré. “Estamos empolgados em ver um projeto que se iniciou como um sonho de estudantes dentro da universidade e agora se torna uma solução de alto impacto para a transição energética do país e do mundo”, aponta o CEO da Hytron, Marcelo Veneroso.
Atualmente, o hidrogênio tem uso predominante na indústria química e é produzido em unidades industriais próximas a refinarias a partir do gás natural.
No futuro, existe a expectativa que o H2 produzido a partir da água ou de um combustível possa gerar energia elétrica renovável, com o processo de quebra das moléculas e obtenção do hidrogênio feito com energia elétrica solar ou eólica.
Nesse cenário, a produção do hidrogênio via conversão do etanol representa um avanço na disponibilidade de combustíveis renováveis, por meio de uma nova rota tecnológica para a expansão de soluções sustentáveis.
Para especialistas, esse processo terá papel importante na descarbonização de vários setores industriais e do transporte pesado. Porém, o transporte do hidrogênio ainda é complexo, porque exige a compressão ou liquefação para armazenamento em cilindros ou em carretas, o que encarece a logística.
