(19-11-2006) – O aumento de investimentos em ciência e tecnologia está entre as ações prioritárias de um plano estratégico elaborado pelo governo federal visando o desenvolvimento do Brasil até 2022. O plano do governo, elaborado pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE) da Presidência da República, foi divulgado na semana passada e lista 50 projetos prioritários a partir de 2007. De acordo com o coordenador-geral do núcleo, coronel Oswaldo Oliva Neto, o Brasil tem muitos pesquisadores na área de nanotecnologia, mas eles estariam “pulverizados” e sem foco de pesquisa específica.
“Não fizemos uma aproximação dos pesquisadores com a área empresarial para começarmos a gerar produtos em grande escala nessa área. Mas existe um grande espaço no mundo se soubermos onde investir”, avalia Oliva Neto.
Segundo ele, o desenvolvimento de produtos oriundos da nanotecnologia pode impactar o processo produtivo no país. Para que o Brasil consiga se desenvolver no setor, Oswaldo Oliva Neto afirmou que é preciso envolver, primeiramente, pesquisadores e empresários em um segmento para que o mercado de produtos nanotecnológicos cresça. “De dois a três anos, esse assunto pode ser muito bem encaminhado no Brasil.”
INVESTIMENTOS – Em 2005 e 2006, os investimentos somam cerca de R$ 74 milhões. O mesmo valor deve ser aplicado nos próximos dois anos. O vice-coordenador de nanotecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Márcio Augusto dos Anjos, considera o montante um avanço, mas ressalta que é preciso ampliar ainda mais os repasses.
Segundo ele, apenas este ano, os Estados Unidos desembolsaram cerca de US$ 1 bilhão em pesquisas voltadas para nanotecnologia. A diferença foi um dos temas discutidos na semana passada, durante um seminário (Nanotec Expo 2006) que reuniu, em São Paulo, representantes de empresas e centros de estudo.
“É fundamental para o Brasil começar a pesquisar quais seriam seus nichos de mercado nessa área”, avalia o vice-coordenador. “Mas, para se chegar nisso, antes é preciso investir na pesquisa básica, aplicada e nas parcerias entre universidade e empresas, com objetivo de gerar produtos que possam permitir ao país aumentar a sua competitividade no mercado internacional.”
Em 2004, o governo criou o Programa Nacional de Nanotecnologia, que coordena os investimentos no setor. Atualmente, quatro editais de financiamento público para a área estão com inscrições abertas. Um deles, destina R$ 1,8 milhão para pesquisas em nano feitas por jovens cientistas (doutores há menos de cinco anos). Em outro edital, estão disponíveis R$ 3,9 milhões para projetos que envolvam melhorias na infra-estrutura de laboratórios de estudo em nano.
De acordo com levantamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, entre 2002 e 2005 as redes de pesquisa sobre nanotecnologia envolveram 300 pesquisadores, 77 instituições de ensino e pesquisa, 13 empresas. Elas resultaram em mais de mil artigos científicos e 90 patentes.
Fonte: Agência Brasil