(16/12/2006) – Entre 1994 e 1998, o setor de máquinas viveu um de seus períodos mais difíceis. Naqueles cinco anos, estima-se que mais de 700 fábricas do setor deixaram de existir. Esse período foi lembrado por Newton de Mello, presidente da Abimaq, durante coletiva de imprensa realizada na semana passada para apresentar os números de 2006: as projeções da entidade indicam que o setor vai fechar o exercício de 2006 com queda de 2,9% no faturamento.
A desaceleração dos negócios foi mantida por todo o ano de 2006 e, na avaliação da entidade, permanecendo o cenário atual, deverá ter continuidade em 2007. Para Mello, se medidas mais corajosas não forem tomadas pelo governo na área econômica o setor corre sérios riscos de enfrentar situação semelhante à vivida na década de 1990. “Em 2006, nossos associados fecharam cerca de 6 mil postos de trabalho. Em 2007, outras 6 mil vagas devem ser cortadas”, observou.
Entre as medidas corajosas, Mello cita o aumento do imposto de importações de 14% para 35%, “enquanto o dólar não se valorizar”. Segundo o dirigente, no passado recente, era quase uma heresia tocar nesse assunto, mas “hoje já se ouve vozes dentro do próprio governo aventando essa possibilidade”.
Segundo os dados da Abimaq, a queda em 2006 só não foi maior devido ao desempenho nas exportações. As vendas externas cresceram 12%. Mello não acredita, porém, que as exportações possam continuar crescendo no próximo ano, já que a atual taxa cambial não estimula esforços nessa área. Os fabricantes tem exportado praticamente para manter clientes e mercados conseguido através de esforços realizados no passado.
As importações também cresceram em 2006, cerca de 17%, mantendo porém a média de 39% de participação no total de máquinas consumidas no País. O maior crescimento foi dos produtos oriundos da China, que praticamente dobraram (97,2%), seguidos dos originários da Coréia (29,8%), dos EUA (24,3%), da Itália (24,1%) e do Japão (20,7%). O consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil (produção nacional, menos exportações, mais importações) também foi negativo: -1,8%.
Segundo a Abimaq, o recuo nos faturamento atingiu a maioria dos 27 subsetores da indústria de bens de capital mecânicos, com destaque para máquinas e acessórios têxteis (com queda de 46,6%), máquinas para trabalhar madeira (-36,9%) e máquinas para artigos plásticos (-15,7%).
Para 2007, a Abimaq vê potencial de crescimento em poucos subsetores: equipamentos pesados (para atender o crescimento na indústria siderúrgica), e válvulas, bombas e motobombas e compressores (para atender aos investimentos previstos pela Petrobras), e o de máquinas e equipamentos para mineração.