(*) Marc Orset
(17/05/2015) – A fábrica da PSA Peugeot-Citroën em Trémery, na França, produz motores a diesel e a gasolina para as próprias empresas do grupo e também para a Range Rover e para a Ford. Recentemente, a unidade implementou na linha de produção do motor 2.0 Blue HDI Euro 6 o processo MQL (Mínima Quantidade de Lubrificação).
Em geral, os centros de usinagem com produção em série trabalham com a clássica lubrificação a frio. O objetivo é o de lubrificar os pontos de contato entre ferramenta e peça de trabalho, reduzir o desgaste da ferramenta de corte e regular a temperatura da máquina e das peças. Na busca por alternativas mais econômicas e ecologicamente corretas, chegou-se a MQL.
A utilização do processo MQL não é novidade em outras fábricas da PSA Peugeot-Citroën, caso da fabricação de cárters e cabeçotes de motores nas fábricas de Mulhouse e em Charleville-Mézières, respectivamente. O objetivo da montadora francesa é estender a aplicação da tecnologia a novos componentes, assim como no acabamento de peças de precisão. Para tanto, foi desenvolvido um plano de P&D abrangente, envolvendo a equipe de planejamento da PSA Peugeot-Citroën, o fabricante de máquinas especiais PCI, da França, e a Bielomatik, da Alemanha.
Na avaliação do processo de mudança para a fabricação com MQL foram analisados três aspectos importantes. Em primeiro lugar, a escolha da tecnologia, o projeto (modificado) das máquinas e dos aparelhos para a lubrificação MQL, a quantidade de lubrificante e de ar a ser utilizada e a preparação entre a ferramenta e a peça de trabalho. Deste modo, é completamente substituído o nível da emulsão de lubrificante convencional. No que diz respeito a este ponto, foi feita a opção pelo sistema de dois canais MQL da Bielomatik.
O segundo aspecto analisado foi, a partir de exames tribológicos, verificar se as ferramentas de corte trabalham de modo mais eficiente e correto com o MQL. Ponto que também foi considerado na avaliação do terceiro aspecto, relacionado com a temperatura alcançada pelas peças de trabalho durante o processo.
Efetivamente, ao abdicar da lubrificação a frio convencional, deixa de haver regulagem térmica. Com relação aos centros de usinagem esta ausência de dissipação do calor é compensada através de uma “correção no fim de curso“ – que conta com um sistema de compensação de temperatura desenvolvido pela fabricante da máquina, a PCI. Em um estudo anterior o componente tinha sido apresentado como modelo. Neste foi simulada a “deformação”, ou seja, a dilatação provocada pelo processamento.
Os resultados são integrados no comando NC como compensação de grandeza, de modo a poder antecipar e compensar a deformação dos componentes. Os componentes são de fato processados propositadamente com dimensões finais incorretas para que as suas dimensões efetivas, assim que atinjam o seu estado de equilíbrio com temperatura ambiente, correspondam às especificadas nos desenhos.
A PSA Peugeot-Citroën optou pela tecnologia de dois canais MQL da bielomatik. O sucesso desta tecnologia foi comprovado em várias linhas de fabricação de cabeçotes de motor. A equipe de planejamento da produção PCI e PSA está neste momento desenvolvendo conceitos direcionados para o início da produção de uma segunda linha de produção, que terá capacidade anual de 250 mil cabeçotes.
Isto significa que com o PSA foi dada uma contribuição importante para a sustentabilidade da produção. Os problemas de saúde dos colaboradores são substancialmente eliminados. Além disso, os cabeçotes de motor podem ser produzidos de um modo até 5% mais econômico. Com o novo processo, as máquinas requerem apenas 4,5 ml de óleo por cabeçote de motor. Ao contrário das grandes bombas que antes eram necessárias, as máquinas economizam até 40% no consumo de energia.
(*) Marc Orset é diretor do Departamento de P&D da PCI / SCEMM de Saint-Étienne (França)
