
(14/12/2025) – Assim como a grande maioria do setor industrial brasileiro, o setor de ferramentas de corte enfrentou dificuldades não previstas ao longo de 2025. A imposição de tarifas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e o acirramento da guerra comercial EUA x China, se somaram à continuidade da política monetária restritiva do Banco Central, que ao contrário do que se esperava seguiu com incrementos constantes nas taxas de juros.
Embora não tenha sido afetado diretamente pelo tarifaço, o setor de ferramentas viu alguns de seus clientes atingidos, como foi o caso dos fabricantes de máquinas de construção e de máquinas agrícolas. Já as taxas de juros crescentes afetaram os negócios dos fabricantes de caminhões, automóveis e máquinas agrícolas, três segmentos que respondem por grande parcela dos negócios na área de ferramentas.
Mescla de sentimentos – “Estamos encerrando o ano de 2025 com uma mescla de sentimentos. Por um lado, estamos felizes por terminar um ano tão conturbado com crescimento sobre o ano anterior, e de outro preocupados com o que nos reserva 2026”, observou Cláudio Camacho, vice-presidente de Vendas para a América do Sul da Sandvik Coromant.
De acordo com Camacho, apesar das dificuldades enfrentadas ao longo deste ano, a Sandvik Coromant do Brasil cresceu em relação a 2024, atingindo resultados bem próximos do objetivo traçado. Em sua avaliação, “o crescimento se deu principalmente devido à intensificação de nossa estratégia de oferecer pacotes de soluções completas aos nossos clientes, ao invés de ferramentas”.
O executivo lembrou ainda que, graças às aquisições feitas globalmente pelo Grupo Sandvik, “pudemos incluir em nossas ofertas serviços e soluções digitais, que não só melhoraram a produtividade dos clientes, como também ajudaram a acelerar a introdução da digitalização na manufatura na direção da Indústria 4.0”.

Cenário desafiador – Márcio Delatorre, diretor-geral da Kennametal para a América Latina, classificou 2025 como desafiador. “O ano de 2025 foi positivo para a Kennametal no Brasil, mesmo diante de um cenário desafiador, em que se destacaram a volatilidade cambial, que pressionou custos e margens, e os custos logísticos, que exigiram ajustes internos para manter a competitividade”.
Entre os fatores positivos, destacou o crescimento da empresa em setores estratégicos, como energia, aeroespacial e automotivo, que em sua avaliação apresentaram sinais de recuperação. A isso se somaram as ações da empresa com “Investimentos em tecnologia e serviços de valor agregado, fortalecendo nossa proposta de soluções completas para clientes e a maior em eficiência operacional, que nos permitiu mitigar parte dos impactos externos”.

Dois períodos distintos – Jacques Mazo, gerente-geral de Vendas da Seco Tools, ressaltou um aspecto do exercício atual, que em sua análise foi marcado por dois períodos bem distintos. “2025 foi um ano de características muito distintas entre o primeiro semestre [mais dinâmico] e o segundo, este impactado pela imposição das tarifas e as incertezas políticas. Mas, no geral, foi um ano bom”.
Para tanto, segundo o gerente, contribuíram a consolidação dos investimentos realizados pela empresa em Sorocaba, a realização de eventos direcionados a segmentos e clientes, que levaram um número significativo de clientes às dependências da empresa e que resultaram “em crescimento nas vendas, assim como na carteira de clientes da subsidiária brasileira”.
2026 – “Para 2026, estamos prevendo um crescimento sobre 2025, com a certeza de que podemos continuar evoluindo nas ofertas de soluções completas”, comentou Camacho. Outro fator deve contribuir, em sua opinião, “é a constante introdução de produtos novos, que nos farão crescer não só organicamente, mas também continuar ganhando market share no mercado brasileiro”.
Delatorre também se mostrou otimista com o próximo ano, ressaltando, porém, que a expectativa é de crescimento moderado. A previsão está baseada na continuidade dos Investimentos em infraestrutura e na indústria local, que devem impulsionar a demanda, associada ao incremento da digitalização na manufatura, que deve abrir oportunidades para soluções inovadoras.
Entre os fatores que devem contribuir para um bom desempenho em 2026, o executivo citou a estabilidade econômica e os incentivos à produção nacional. “Já os riscos permanecem ligados às flutuações cambiais e incertezas globais”, disse, acrescentando que a Kennametal continuará “com foco em inovação, proximidade com os clientes e eficiência para garantir resultados sustentáveis”.

Mazo também projeta crescimento em 2026. Mas acrescentou um detalhe: “ao contrário de anos anteriores, comuns aqui no mercado brasileiro, não estamos prevendo crescimentos seguidos de baixas. Temos crescido ano após ano de forma sólida e consolidada”, afirmou.
“Esperamos uma queda na taxa de juros que irá beneficiar todos os segmentos, impulsionando inclusive a retomada de projetos de investimentos reprimidos ao longo deste ano, além de novos investimentos para apoiar a exportação de produtos para novos mercados e para a América do Sul, que têm demonstrado perspectivas de crescimento também para o ano de 2026”, observou.
Entre os aspectos que podem impactar negativamente os negócios no próximo ano, Mazo lembrou que teremos maior número de feriados que em 2025, que irão se somar à Copa do Mundo de Futebol e à eleição presidencial. “Continuaremos investindo e acreditando no Brasil e em nosso time para juntos fazermos a manufatura mais rápida, fácil e sustentável”, concluiu.