
(07/12/2025) – As cidades de Maricá, no Rio de Janeiro, e Camaçari, na Bahia, passarão a contar com fábricas de máquinas agrícolas de pequeno porte, voltadas principalmente para a agricultura familiar.
Ambas as iniciativas envolvem empresas chinesas em parceria com governo municipal, no caso de Maricá) ou federal, no caso de Camaçari que conta com o apoio do MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, além da empresa nacional LiveFarm.
Royalties do Petróleo – No caso de Maricá, anunciado no final de novembro, o investimento será de R$ 200 milhões. Segundo a prefeitura local, esses recursos virão dos royalties do petróleo – vale frisar aqui que Maricá é município que costuma encabeçar a lista das cidades que mais recebem royalties do petróleo no Brasil, como ocorreu em 2023, por exemplo.
A planta será erguida num terreno no distrito de Ponta Negra, próximo à RJ-106, num arranjo societário tratado como “parceria público privada e popular”, ou seja, uma PPPP. A parceria envolve algumas empresas chinesas, entre elas a Sinomach. A unidade terá capacidade para produzir anualmente entre 1 mil e 1.600 tratores de baixa potência.

“Essa fábrica levará o dinheiro do petróleo para uma indústria que vai gerar empregos qualificados em Maricá e também beneficiar a prefeitura com impostos”, afirma o prefeito Washington Quaquá. “Esses tratores também irão promover uma revolução na agricultura familiar do país, que hoje conta só com ferramentas rústicas”.
Joint-venture – No caso de Camaçari, a empresa brasileira LiveFarm, de Brasília (DF), realizou uma joint venture com a chinesa Hans Machinery. A parceria envolve acordos de transferência tecnológica para a fabricação de máquinas agrícolas de pequeno porte.
O objetivo é produzir equipamentos agrícolas, como pequenos tratores, de 7 a 20 cavalos, para propriedades menores, levando a mecanização de forma mais ampla para o campo, aproveitando a experiência da empresa chinesa que atua em 54 países com plantadeiras, roçadeiras e outros equipamentos de pequeno porte.
Segundo nota divulgada pelo MDA, hoje ainda há pouca mecanização da agricultura familiar brasileira. O aumento da mecanização, com produtos de tamanho e preço adaptados, pode melhorar a produtividade e condições de trabalho dos agricultores familiares.

“Equipamentos como a roçadeira automática, por exemplo, significam a aposentadoria da enxada. E a juventude, para ficar no campo, quer superar a enxada, ficar no campo em condições dignas de trabalho”, disse o ministro Paulo Teixeira. “O Brasil tem tipologia de máquinas para a média e grande propriedade. Não tem para a pequena propriedade, e a China avançou muito em tipologia de máquinas para as pequenas propriedades. Mas também sabemos que há muitas soluções no Brasil que podem ser potencializadas”.
“Estamos pensando nisso mais do que compra e venda de equipamentos, mas como elo de transformação no Brasil, desenhando equipamentos que não forcem o agricultor familiar a procurar uma máquina melhor, mas sim uma máquina certa que facilite seu trabalho, mantenha o jovem no campo e reduza as desigualdades de gênero no trabalho rural”, declarou Joelcio Carvalho, diretor executivo da LiveFarm. Além da Bahia, a empresa também pretende produzir esses equipamentos em unidades no Ceará e na Paraíba.