
(09/10/12025) – O Brasil exportou 377 milhões de t de minério de ferro em 2024, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e do US Geological Survey (USGS), consolidando-se como o segundo maior produtor mundial, atrás apenas da Austrália.
Já entre os principais países exportadores de aço, o Brasil ocupa a 9ª posição. Em 2024, as exportações brasileiras de aço somaram 33,7 milhões de toneladas. Ou seja, menos de 10% do volume embarcado de minério de ferro.
A mineração responde por cerca de 4% do PIB brasileiro e o minério de ferro figura como o segundo produto mais exportado do país, perdendo apenas para a soja.
Apesar desse peso na balança comercial, o país ainda não consegue transformar esse potencial em liderança na cadeia do aço e em insumos de maior valor agregado, permanecendo dependente de importações estratégicas para sustentar setores como tecnologia, energia renovável e mobilidade elétrica.
Enquanto o minério de ferro sai em navios, em sua maior parte destinado à China, que responde por mais de 60% do consumo global, o Brasil ainda importa produtos de alta complexidade como ímãs de neodímio e outros componentes de terras raras, essenciais para a indústria moderna.

De acordo com Rodolfo Midea, CEO da Fácil Negócio Importação, empresa que lidera a importação de ímãs de neodímio no Brasil, a dependência se mostra preocupante diante de um cenário em que a China concentra cerca de 90% da produção mundial de terras raras, e é forte também no beneficiamento desses materiais. O mercado de ímãs de neodímio, em particular, deve ultrapassar US$ 3,3 bilhões até 2030.
“O Brasil é riquíssimo em recursos naturais, mas seguimos como exportadores de commodities”, afirma Midea. “É uma dependência que fragiliza a competitividade do país em áreas de alta tecnologia”.
O paradoxo se repete também no setor do aço. Embora o Brasil figure entre os dez maiores produtores mundiais, com destaque para o aço bruto, ainda não ocupa lugar de relevância na produção de ligas especiais e aços de alta performance, indispensáveis para a indústria automotiva, aeronáutica e de energia.
Para o especialista, o caminho passa por políticas industriais mais consistentes, investimentos em pesquisa aplicada e incentivos à produção local de insumos de maior valor. A redução da burocracia e da bitributação na importação de equipamentos estratégicos também aparece como medida urgente.