
(10/08/2025) – A produção de veículos não deve ser afetada diretamente pelo aumento das tarifas imposto pelo governo dos EUA, até porque o país praticamente não exporta veículos acabados para o mercado norte-americano.
Já os fabricantes de autopeças devem perder parcela importante do seu faturamento e, a depender da duração, correm o risco de perder também contratos. No ano passado, o setor exportou cerca de US$ 1,4 bilhão (R$ 7,7 bilhões) em 2024, o que representa 17,5% do total exportado no ano passado, segundo o Sindipeças. Já as importações dos EUA somaram US$ 2,3 bilhões em peças. Os EUA são o segundo maior mercado do setor de autopeças, atrás apenas da Argentina.
A Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos, aliás, com a elevação dos juros, tarifaço dos EUA e outras variáveis macroeconômicas decidiu rever suas projeções para o fechamento de 2025, feitas no final do ano passado.
Alta nas Exportações – E a maior revisão foi justamente nas exportações e para cima. As vendas externas, que tinham expectativa de alta de 7,5%, têm agora projeção de elevação bem maior, de 38,4% sobre 2024, totalizando 551 mil unidades. De acordo com a entidade, isto se deve à “surpreendente recuperação do mercado argentino, que vem demandando grandes volumes de veículos feitos no Brasil”
Já para as vendas no mercado interno, a entidade reduziu a previsão. Antes era esperada uma alta de 6,3% em 2025 sobre 2024. Agora, a expectativa é a de se atingir 2,765 milhões de emplacamentos no ano, o que representará um acréscimo de 5% sobre as vendas no ano anterior.
Na avaliação da Anfavea, a alta das exportações compensa a leve queda na previsão de vendas. Assim, a entidade não reviu para baixo os níveis de produção, mantendo a expectativa de alta de 7,8% sobre o volume produzido em 2024, com um total de 2,749 milhões de unidades no ano.

Caminhões – Os números poderiam ser ainda melhores, não fosse o segmento de caminhões, que – informa a entidade – vem perdendo tração mês a mês, sobretudo nos modelos mais pesados, voltados para transporte agrícola de longa distância. O recuo é creditado aos juros mais elevados do que se previa na virada do ano. De outro lado, o segmento de ônibus vive um bom momento, mas têm menor participação no mercado total.
“Apesar dos juros elevados e de um ingresso acima do razoável de produtos importados, precisamos continuar recuperando os volumes de produção, o que gera ganhos e empregos a toda a extensa cadeia automotiva”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea.
O executivo lembrou também a estreia do programa Carro Sustentável, em julho, que respondeu pelo aumento de 16,7% nas vendas no varejo dos modelos inscritos no programa, nas três primeiras semanas em vigor. “Programas de redução de imposto como este são bem-vindos pelo seu caráter ambiental, pelo maior acesso a modelos zero quilômetro e por movimentar a rede de concessionárias. Mas só melhorias na condição de crédito e a substituição de importações por produtos locais podem levar a um aquecimento mais acelerado das vendas dos nossos veículos e, por tabela, da produção”, afirmou Calvet.