(26/06/2025) – Os investimentos privados, até o fim de 2025, deverão responder por 72,2% do valor total aportado em infraestrutura no país, sobretudo nas áreas de energia, transportes e saneamento.
A estimativa é que a infraestrutura receba R$ 277,9 bilhões neste ano. A projeção está em um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado na semana passada.
De acordo com os dados do estudo – encomendado à Inter B Consultoria –, a iniciativa privada respondeu por nada menos do que 70,5% dos R$ 266,8 bilhões investidos em infraestrutura no ano passado.
Desde 2019, o capital privado passou a responder por mais de 70% dos recursos destinados à infraestrutura e logística no Brasil.
Os investimentos em infraestrutura em 2024 – somados púbico e privado –,, corresponderam a 2,27% do PIB, alta de 0,24 ponto percentual do PIB em relação ao início do quadriênio 2021-24.
Para 2025, o estudo projeta investimento na ordem de 2,21% do PIB, com avanços nos setores de saneamento básico e transportes, além de pequenos incrementos em telecomunicações e em energia elétrica.
Ao longo do ano passado, o total investido em infraestrutura foi de R$ 266,8 bilhões. Os maiores aportes foram feitos nos setores de energia elétrica (R$ 112,8 bi), transportes (R$ 84,6 bi), saneamento básico (R$ 41,1 bi) e telecomunicações (R$ 28,3 bi).
Para a CNI, o Brasil é, potencialmente, um destino de primeira ordem para investimentos em infraestrutura, principalmente por ser um país com dimensões continentais, com economia e agroindústria fortes.
Ao mesmo tempo, o país é reconhecido pela sua relevância no campo das mudanças climáticas e da transição energética, com elevado potencial de descarbonização a partir do uso de energias renováveis.
De acordo com o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz, o principal desafio é mobilizar mais recursos privados e melhorar a governança dos investimentos públicos, que devem ser direcionados para onde forem maiores os retornos para a sociedade.
“O crescimento da participação privada precisa estar ancorado num ambiente de negócios de estabilidade macroeconômica, baixos custos de transação e menores barreiras à entrada”, afirma Muniz.
Pilares – Em outro estudo, a CNI elencou os gargalos que dificultam o avanço da infraestrutura nacional e buscou alternativas para acelerar os investimentos e a solucionar o déficit do setor no Brasil, que é um dos maiores dentre os países de renda média.
Oito pilares foram elencados como essenciais para a modernização da infraestrutura brasileira, levando a ganhos de bem-estar para as famílias e competividade para as empresas, além de redução da desigualdade social.
São estes os oito pílares:
- Tornar o investimento em infraestrutura uma política de Estado e garantir sua melhor governança.
- Ampliar de forma responsável (respeitando as restrições fiscais) e com racionalidade econômica os investimentos públicos, direcionando-os para projetos de maior retorno para a sociedade.
- Assegurar que o planejamento de governo seja rigoroso nos critérios de escolha de investimentos, públicos e PPPs, incluindo uma análise do custo-benefício dos projetos e cálculo da taxa social de retorno.
- Garantir maior segurança jurídica para os investimentos privados, com clareza, transparência, estabilidade e obediência às regras e sua aplicação.
- Aprimorar a regulação do setor de infraestrutura, reforçando o papel das agências reguladoras, sua autonomia técnica e administrativa, protegendo-as de interferência política.
- Ampliar a participação dos mercados de capitais no financiamento de projetos de infraestrutura.
- Fortalecer o papel do BNDES como estruturador de projetos sustentáveis de infraestrutura, assegurando maior resiliência frente às mudanças climáticas.
- Apoiar a expansão gradual dos investimentos em infraestrutura até que seja atingido o patamar de ao menos 4% do PIB.