
(*) Sheila Moreira
(09/03/2025) – A equidade de gênero é, ainda em 2025, um grande gargalo da indústria nacional. A crescente demanda por profissionais altamente capacitados, por conta da Indústria 4.0, contrasta com a baixa representatividade feminina em cargos técnicos e de liderança. Para superar essa barreira, investir na capacitação e no desenvolvimento de competências das mulheres na indústria é fundamental, garantindo não apenas a inclusão, mas também a diversidade e inovação dentro das empresas.
Pesquisas apontam que a diversidade de gênero nas empresas está associada a melhores tomadas de decisão. Além disso, impulsiona a criatividade e a inovação; e amplia a capacidade de adaptação das organizações a um mercado em constante mudança.
Diante desse cenário, iniciativas como o Industry4Her (I4her) – organizado pela VDI Brasil – Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha – ganham relevância ao promover a capacitação e o fortalecimento da liderança feminina na Indústria 4.0, preparando mulheres para assumirem posições estratégicas e protagonizarem a transformação digital no setor.
Desde a sua criação, em 2020, a iniciativa já impactou cerca de 630 mulheres, em 12 turmas, sendo ⅓ delas em recolocação no mercado. O programa é destinado a mulheres cisgêneras e transgêneras, com ensino superior completo (área de ciências exatas e administração, de preferência), com diferentes níveis de experiência profissional e com interesse ou experiência na indústria de processos e de manufatura. As participantes devem ter interesse em temas ligados à Indústria 4.0, inovação e tecnologia, além de motivação e determinação para promover mudanças e ampliar a presença feminina na indústria.

“Alcançar a equidade de gênero não se resume a aumentar a presença feminina, é também garantir que as mulheres tenham habilidades e conhecimento para ocupar posições estratégicas na Indústria 4.0”, diz Laura Siroky, coordenadora de projetos na VDI. Maria Fernanda Ferraz, analista de projetos, aponta que as profissionais que passam pelo I4her formam uma rede de networking empoderada, com muita sororidade. “Elas estão ali dando as mãos umas às outras”, comenta.
Como Funciona – O programa é composto por dois cursos voltados para diferentes momentos da trajetória profissional das mulheres. O Industry4Her Standard é direcionado para futuras líderes, para mulheres que desejam se capacitar e se destacar em cargos de liderança na Indústria 4.0. A duração do curso, composto por quatro módulos – Indústria 4.0 e Inovação; Soft Skills e Liderança; Design Thinking e Solução de Desafios Reais – é de três meses e as atividades são online.
Já o Industry4Her para Líderes é exclusivo para mulheres em cargos de liderança que buscam aprimorar suas habilidades para uma gestão mais estratégica, inovadora e impactante. Cada participante recebe mentoria individualizada para impulsionar sua trajetória e enfrentar os desafios específicos da gestão na Indústria 4.0. A duração deste curso também é de três meses. Ambos os cursos contam com sessões em grupo, proporcionando um ambiente de aprendizado colaborativo.
O programa tem o objetivo de alcançar a meta de 1000 mulheres capacitadas até o final de 2025. As próximas turmas estão previstas para julho deste ano. Mais informações podem ser obtidas no site do Industry4Her – https://www.industry4her.com.br/ – e também em suas redes sociais.

Experiência – Stephanie Ribeiro, que atua como analista de vendas e, também, no marketing da fabricante de máquinas Grob, conta que a sua experiência na 11ª edição do I4her, no curso Standard, foi extremamente enriquecedora. “Além de ter a chance de aprender com especialistas renomados em Indústria 4.0 e desenvolvimento profissional, pude conhecer e trocar experiências com mulheres extraordinárias dispostas a se empoderar e assumir uma postura de liderança em um universo ainda tão masculinizado”, diz.
Como parte do programa, Stephanie teve a oportunidade de apresentar um projeto onde, junto ao seu grupo, desenvolveu um estudo para redução de tempos de parada de produção causados pela ausência de rastreabilidade de equipamentos sobressalentes. “Juntas conseguimos conquistar o destaque da edição! Sentir que você é capaz de trazer soluções práticas e inteligentes para problemas que muitas vezes parecem complexos e caros de se resolver é extremamente gratificante. Ser confrontada com problemas do mundo real, fora do meu círculo de trabalho, foi desafiador e recompensador ao mesmo tempo. Isso me permitiu me reconectar com minha essência profissional e me sentir de fato como a engenheira que sou, acima de qualquer posição, e me sinto feliz por ter participado de algo que traz mais visibilidade e busca cada vez mais o respeito para mulheres neste setor”, finaliza.
(*) Sheila Moreira é jornalista e repórter do Usinagem-Brasil
