(17/12/2024) – O Senai Cimatec inaugurou uma planta para a produção de nós sísmicos submarinos OD OBN (On-demand Ocean Bottom Nodes), um sistema inovador para aquisição sísmica 4D de alta resolução. Trata-se da primeira fábrica do mundo deste tipo de equipamento, voltado para o gerenciamento de reservatórios de petróleo, especialmente no pré-sal brasileiro.
A unidade contará com uma área de usinagem equipada com máquinas de última geração, como um centro de torneamento Multus B400II, multitarefa de 8 eixos, incluindo um eixo B, da Okuma, três centros de 5 eixos da Hermle com sistema automático de troca de pallets e uma máquina da Haas híbrida, com cabeçote Meltio de manufatura aditiva, todas programadas com o HyperMill, software da Open Mind.
A nova planta foi instalada no Cimatec Park, em Camaçari (BA), e contou investimentos de R$ 72 milhões da Shell Brasil e Petrobras, em parceria com a Sonardyne.
Além da linha de usinagem, o complexo inclui uma linha de montagem de placas eletrônicas, metrologia, anodização, montagem e testes dos nós, incluindo um tanque de testes de comunicação acústica e ótica. De acordo com o Senai Cimatec, a planta OD OBN é um marco para o avanço tecnológico na área de monitoramento sísmico.
“Pela primeira vez, estamos desenvolvendo, no Brasil, a tecnologia que nos permitirá o monitoramento sísmico dos campos do Pré-Sal. Isso mostra que o desenvolvimento e investimento em ciências e tecnologia, por meio de parcerias entre empresas e instituições de pesquisa brasileiras, podem gerar desenvolvimento industrial no país”, explicou a gerente executiva do Cenpes da Petrobras, Lílian Barreto. “É um produto comercial de maior grau tecnológico, melhorando nossa eficiência operacional offshore, refletindo menor risco para nossos empregados e descarbonizando nossas operações”, reforçou.
“A inauguração desta planta é uma etapa muito aguardada. O OD OBN é um sistema inovador que utiliza nós de fundo oceânico sob demanda, que registram dados sísmicos e se comunicam diretamente com o FlatFish – o primeiro veículo autônomo submarino brasileiro também fruto de um investimento da Shell Brasil”, lembrou Olivier Wambersie, gerente geral de Tecnologia da Shell Brasil.
O objetivo é mapear o deslocamento dos fluidos nos reservatórios, realizando a sísmica 4D, de forma mais eficiente e econômica. O projeto já executou testes de performance e funcionalidade, inclusive em águas profundas. A etapa atual, com início previsto em 2025, vai produzir um sistema-piloto com 600 nós para testes em escala real em um campo petrolífero do pré-sal.
Posteriormente, a planta será empregada na fabricação em escala comercial dos nós sísmicos. “Muitos dos equipamentos disponíveis na planta são exclusivos na América Latina, reforçando o papel do Senai Cimatec como pioneiro em inovação e tecnologia para o setor de óleo e gás. Esta planta traz muitas oportunidades para a Bahia e para o Brasil, tendo em vista que esses equipamentos de ponta disponibilizados irão alavancar o desenvolvimento de muitas outras indústrias, além da cadeia de petróleo e gás.”, destaca Carlos Henrique Passos, presidente da Fieb – Federação das Indústrias do Estado da Bahia.
Os nós serão fabricados no Cimatec Park, com investimentos em infraestrutura de galpões e máquinas, viabilizando a produção nacional e a integração de diferentes empresas e instituições.
Tecnologia – Os nós OD OBN são sensores que captam ondas sísmicas refletidas nos reservatórios de petróleo. Essas informações são processadas em supercomputadores, permitindo o ajuste das taxas de extração e reinjeção de água e gás para estimular a produção dos poços.
O diferencial da tecnologia desenvolvida pelo Senai Cimatec, em parceria com a Sonardyne, é que os equipamentos poderão operar por até cinco anos no fundo do mar, a uma profundidade de até três mil metros, sendo ativados e desativados remotamente. A extração de dados é feita por lasers com o auxílio de Veículos Autônomos Subaquáticos, como o FlatFish.
O programa OD OBN foi majoritariamente financiado pela cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e contou também com o financiamento da Embrapii.