(11/02/2024) – As projeções para a indústria brasileira em 2024 são mistas. De um lado, a nova política industrial e a recuperação gradual da economia global podem impulsionar o crescimento. Do outro, no entanto, a desaceleração da economia interna e a alta taxa de juros podem frear a demanda e os investimentos.
A análise é da economista e professora da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Nadja Heiderich, segundo quem para alcançar um crescimento sustentável de longo prazo, a indústria precisaria adotar tecnologias avançadas e criar produtos inovadores, além de preparar a mão de obra para os desafios da indústria 4.0.
“Mas o país também precisaria fazer sua parte”, pondera a professora. “É urgente melhorar a infraestrutura logística, energética e de telecomunicações para reduzir custos e aumentar a eficiência da economia, e buscar acordos comerciais que ampliem o acesso da indústria brasileira a novos mercados e promovam a competitividade”.
De acordo com Heiderich, a indústria ainda opera 16,3% abaixo do pico histórico de maio de 2011. Assim, o crescimento de 0,2% do setor em 2023 deve ser encarado com cautela, pois este resultado não deve ser interpretado como um sinal de recuperação robusta.
“O crescimento de 0,2% em 2023 se compara a um ano, 2022, que teve queda de 0,7%, o que contribui para a distorção da percepção do crescimento”, explica. “O ano foi marcado por flutuações na demanda interna e externa, com setores como bens de consumo duráveis e bens intermediários registrando queda no segundo semestre, enquanto outros, como o de bens de capital, apresentando expansão”.
Para a professora da Fecap, a indústria brasileira também necessita de um ambiente de negócios mais favorável para alcançar seu pleno potencial e contribuir para o desenvolvimento do país.
“Embora a nova política industrial do governo Lula traga medidas promissoras para o desenvolvimento do setor, como investimentos em inovação, qualificação profissional e desburocratização, seu impacto em 2024 ainda será limitado”, analisa. “Até porque a implantação das medidas e os seus efeitos sobre a produtividade e a competitividade da indústria ainda levarão algum tempo”, conclui.