(29/10/2023) – Um estudo da Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo indica que seriam necessários investimentos anuais equivalentes a 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor, por um período entre sete e dez anos, para a indústria brasileira recuperar a produtividade que apresentava na década de 1970. Ou seja, algo em torno de R$ 456 bilhões por ano.
De acordo com a Fiesp, a parcela do PIB do setor destinada ao aumento da capacidade produtiva vem sendo reduzida ao longo dos anos, e já não cobre sequer a depreciação dos ativos. Os investimentos atuais estão na casa dos 2,6% do PIB ao ano, quando seria necessário, pelo menos, um nível de 2,7% ao ano apenas para cobrir os gastos com depreciação.
A produtividade da indústria nacional nos anos 1970 era equivalente a 55% da norte-americana (valor de referência para a economia brasileira), hoje é de apenas cerca de 20%. O estudo da Fiesp adverte que os R$ 456 bilhões por ano serviriam somente para suprir os gargalos do complexo industrial e retomar a produtividade perdida, e não para um processo de expansão.
Para a Fiesp, o ambiente econômico brasileiro tem impactado negativamente os investimentos na indústria de transformação. De fato, o estudo, feito com base em informações da Pesquisa Industrial Anual (PIA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que os investimentos, isto é, a compra de máquinas, equipamentos, terrenos e edificações, atingiu o menor valor dos últimos 20 anos em 2021.
Além disso, os investimentos da indústria de transformação estão encolhendo em relação ao total investido na economia brasileira. Ao longo da primeira década dos anos 2000, representavam 20,9% do total dos investimentos do país. Em 2021, essa participação caiu para 12,9%.
Houve também uma mudança estrutural na disposição dos investimentos industriais, que estão cada vez mais concentrados na fabricação de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis. Entre 1996 e 2000, esse segmento representava cerca de 9% do investimento total da indústria de transformação. No período mais recente, 2017-2021, alcançou cerca de um terço do investimento total do setor.
