(04/05/2023) – O bom volume de investimentos que vem sendo realizado em Minas Gerais fez a Invest Minas, a agência de atração de investimento ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), estabelecer uma meta ousada para até 2026: garantir um aporte de R$ 300 bilhões de empreendimentos que queiram implantar unidades no Estado ou que desejem expandir a atuação no mercado mineiro.
Trata-se, segundo o governo mineiro, de um objetivo perfeitamente factível, tendo em vista que o Estado registrou, no final do ano passado, R$ 274,4 bilhões em investimentos formalizados desde 2019, ou 83% a mais do que a meta de R$ 150 bilhões traçada no início da primeira gestão do governador Romeu Zema, em 2019.
Estes investimentos contribuíram para garantir 630 mil empregos com carteira assinada de janeiro de 2019 a novembro de 2022, segundo dados do Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged).
De acordo com o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga, dos R$ 274 bilhões de investimentos atraídos nos últimos quatros anos, 60% já está em plena implantação. O restante está em fase de licenciamento ambiental ou buscando financiamentos para o projeto.
“A média internacional de conversão de intenção de investimentos em investimentos efetivamente realizados é de 50%”, diz Braga. “Ou seja, estamos acima da melhor prática global”.
Segundo o executivo, o impacto positivo destes investimentos no mercado de trabalho de Minas deve prosseguir neste ano. O Estado quer fechar 2023 com uma economia praticamente de pleno emprego, com uma taxa de 5% de desemprego. Para isso, a expectativa do governo mineiro é de assegurar a geração em 2023 de pelo menos 150 mil empregos com carteira assinada.
A taxa de desemprego hoje em Minas Gerais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 6,3% referente ao terceiro trimestre de 2022, o que representa 722 mil pessoas sem ocupação.
Na economia considerada de pleno emprego, a taxa de desocupação normalmente fica entre 3% e 5% da População Economicamente Ativa (PEA) e os trabalhadores conseguem ingressar ou voltar ao mercado de trabalho com mais agilidade e em um menor tempo possível.
Projetos – Minas Gerais começou 2023 já com dois grandes projetos que vão ser implantados no estado. A Midea, multinacional chinesa fabricantes de produtos da linha branca, conseguiu o licenciamento para a instalação de uma unidade em Pouso Alegre, no sul do Estado. Serão investidos, inicialmente, R$ 575 milhões, com a geração de 500 empregos diretos.
A cervejaria Heineken também recebeu no início do ano, do Comitê de Política Ambiental (Copam), a licença para implantação de uma fábrica em Passos, município localizado também na região sul de Minas. Os aportes serão de R$ 2,4 bilhões e irão gerar 350 empregos diretos.
Houve ainda o anúncio de investimento da siderúrgica Usiminas, com aporte de R$ 3,6 bilhões em Ipatinga, no Vale do Aço. Desse montante, R$ 2,7 bilhões serão destinados à reforma do alto-forno 3 (iniciada em 2019), com a geração de 8 mil empregos temporários, e o restante à recuperação e reforma das caldeiras 2 e 3. Na mesma área siderúrgica, a Vallourec também sinalizou que investirá no Estado no correr deste ano.
Já a Fulwood também deve iniciar neste ano, em Minas, a construção de pelo menos dois novos condomínios logísticos, com investimentos de R$ 355 milhões nas cidades de Betim, na Grande Belo Horizonte, e em Extrema, no sul do Estado. A empresa estima a geração de 2,5 mil a 3 mil empregos diretos para os mineiros, quando essas estruturas já estiverem em operação.
O diretor-presidente da Invest Minas lembra que esses pesados investimentos devem-se, em grande parte, ao trabalho do governo de Minas no sentido de desburocratizar o ambiente de negócios e recuperar a confiança e a credibilidade do Estado, especialmente no mundo empresarial.
Foi implantada também uma espécie de política industrial, e para a área de comércio e de serviços, bastante pragmáticas. A Invest Minas vem trabalhando nos últimos quatro anos com três grandes blocos de investimentos: mineração, energia renovável e “outros investimentos” (incluindo diversos setores, com destaque para indústria, infraestrutura, logística, fármacos, e-commerce e turismo).
A energia renovável não está neste pacote por acaso. João Paulo Braga avalia que o que vai pautar o capital privado tanto no mundo quanto em Minas Gerais nos próximos dez anos serão as questões ligadas à sustentabilidade e à redução dos impactos climáticos.
“Aliás, independentemente do segmento, os investimentos que vão acontecer na próxima década vão estar ligados aos fatores ambientais e de sustentabilidade”, afirma. “Para ter uma ideia, também a Nestlè anunciou, recentemente, o aporte de R$ 160 milhões em Minas, para produzir capsulas de café. Que são de papel e, portanto, biodegradáveis”.