(25/09/2022) – A produtividade do trabalho na indústria de transformação brasileira registrou a primeira alta desde o terceiro trimestre de 2020, interrompendo uma preocupante sequência de seis trimestres de queda.
O levantamento, produzido pela CNI – Confederação Nacional da Indústria, aponta que a produtividade do trabalho industrial subiu 2,3% no segundo trimestre de 2022 (abril a junho), em comparação com o primeiro trimestre, com base na série livre de efeitos sazonais.
A produtividade do trabalho na indústria de transformação é obtida pelo resultado do volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção.
Na mesma base de comparação, entre os dois primeiros trimestres deste ano, as horas trabalhadas caíram 0,8%, e o volume produzido cresceu 1,4%.
A pesquisa mostra ainda que o avanço da produção, que aumentou pelo terceiro trimestre consecutivo, ocorre em um cenário de aquecimento do mercado de trabalho, com a recuperação do emprego e do rendimento.
“A indústria vem tendo dificuldade para manter a produção devido ao problema da falta ou alto custo de insumos e matérias-primas”, explica a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha. “Assim, no segundo trimestre do ano, a alta do indicador, que interrompeu seis trimestres de queda, se deve provavelmente à redução dessas dificuldades”.
Apesar do avanço na comparação com o início do ano, as incertezas permanecem elevadas no setor industrial diante do cenário externo, que prossegue nebuloso, em função dos lockdowns na China e do conflito na Ucrânia. Estes fatores continuam a dificultar o encontro de soluções consistentes para a falta dos mais diversos e estratégicos insumos e matérias-primas.
Desse modo, diante de um cenário ainda de restrição à produção, é improvável que o indicador se recupere o suficiente para fechar 2022 em alta.
“Para que o indicador de produtividade do trabalho volte a crescer de maneira sustentada, é necessário que os empresários retomem a confiança para realizar investimentos”, observa a gerente da CNI. “Isso permitirá não só que a produtividade se recupere, como os investimentos ainda podem resultar em inovação e em qualificação do trabalho”.