(10/07/2022) – O sinal de 5G puro (sem interferência de outras frequências) estreou no Brasil na quarta-feira passada, 5 de junho. A primeira cidade a oferecer o sinal foi Brasília. As próximas cidades a receber o sinal 5G puro serão Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo, mas as datas ainda não estão confirmadas. Até 29 de setembro, todas as capitais deverão contar com a tecnologia, segundo a Anatel.
A tecnologia 5G pura oferece velocidade média de 1 Gigabit (Gbps), dez vezes superior ao sinal 4G, com a possibilidade de chegar a até 20 Gbps. O sinal tem menor latência (atraso) na transmissão dos dados.
Esta tecnologia permitirá a estreia da “internet das coisas”, a IoT, que permite a conexão direta entre objetos pela rede mundial de computadores e também da Iiot, o uso pela indústria. A tecnologia tem potencial para aumentar a produção industrial, por meio da comunicação direta entre máquinas, e possibilitar novidades como cirurgias a distância e transporte em carros sem condutores.
A conexão ultrarrápida permitirá a troca de informações de uma forma muito rápida dentro do ambiente 4.0. Devido às velocidades mais altas e à baixa latência, o 5G industrial se torna essencial e fator-chave para a quarta revolução da indústria, podendo fazer toda a diferença no uso potencial de ferramentas, como sistemas de IIoT (Internet Industrial das Coisas), robótica, armazenamento em nuvem e realidade virtual.
Qual o impacto da chegada do 5G para as indústrias e o que muda nas operações das fábricas?
De acordo com José Borges Frias Júnior, diretor de Inovação Corporativa da Siemens, em entrevista ao blog Voz da Indústria, da Feimec/Expomafe, o 5G permitirá que máquinas “conversem entre si”, popularizando inovações tecnológicas.
Assim, uma das principais diferenças entre o 5G para a indústria e as gerações anteriores de redes celulares está relacionada ao fato de que o foco do 5G está na comunicação máquina-máquina e na Internet Industrial das Coisas (IIoT). “Em particular, o 5G suporta comunicação com confiabilidade sem precedentes e latências muito baixas”, explica Frias Junior.
Portanto, segundo o diretor da Siemens, essa tecnologia abre caminho para uma era da produção industrial que já começou, conhecida como “Indústria 4.0”.
“O uso do 5G para a indústria visa melhorar significativamente a flexibilidade, versatilidade, usabilidade e eficiência das futuras fábricas inteligentes. A Indústria 4.0 integra a Internet das Coisas e os serviços relacionados na fabricação industrial e oferece integração vertical e horizontal contínua em toda a cadeia de valor e em todas as camadas da pirâmide de automação”, informa.
Principais benefícios do 5G para a indústria
Novas tecnologias de rede sempre foram um importante impulsionador da inovação. O mesmo se aplica ao 5G para a indústria que tem um potencial disruptivo para a infraestrutura e indústria.
“No ramo industrial, a Transformação Digital poderá ser alavancada com a disponibilidade de uma conectividade tão poderosa como a que as redes 5G irão oferecer”, diz. Segundo ele, as redes 5G funcionam como um habilitador da automação, robotização móvel, veículos autônomos, realidade aumentada, computação a bordo, aprendizado de máquina, gêmeo digital e outras aplicações.
Ele destaca que, embora algumas aplicações possam ser tecnicamente realizadas nas redes públicas 5G, existe um consenso cada vez maior de que as redes privativas 5G é que serão o grande alavancador destas aplicações.
“Usando faixas de frequência privadas disponíveis localmente, as empresas podem configurar suas próprias redes 5G privativas para permitir a conectividade em áreas definidas – o que pode aumentar consideravelmente a flexibilidade na produção e logística”, indica o diretor da Siemens.
Além disso, graças à rápida transmissão de dados via 5G industrial, todos os componentes em produção podem responder às mudanças quase em tempo real. “Quando combinadas com tecnologias futuras, como computação de borda e em nuvem, as redes 5G para a indústria irão facilitar a análise flexível de grandes volumes de dados, o que as torna um driver para a transformação digital na indústria”, diz Frias Junior.
Para o executivo, a conexão 5G será uma necessidade. Cabe à indústria se preparar para sua chegada.
Ainda hoje, muitas máquinas utilizadas por indústrias brasileiras não são sequer preparadas para se conectar às redes convencionais. Por isso, antes de usar o 5G industrial, é preciso pensar com calma para saber qual é a melhor opção para quando essa rede 5G chegar.
Dessa forma, José Borges Frias Júnior ressalta que a indústria, de modo geral, deve iniciar as discussões e avaliações em grupos multidisciplinares para decidirem qual é a melhor configuração do 5G, privativo ou não, que irá suportar as suas necessidades de conexão no seu plano de transformação digital. “Em breve, conexão não será um fator limitante e quem sair na frente poderá obter vantagens competitivas no mercado”, diz.
Por fim, o especialista explica que a Siemens está atuando de forma ativa na padronização da tecnologia 5G no 3GPP e em associações internacionais da indústria como a 5G-ACIA.
“A Siemens vai produzir equipamentos 5G para aplicações industriais e para utilities como as do setor elétrico. O primeiro produto 5G da Siemens é um roteador industrial. O Scalance MUM856-1, que suportará redes 4G e 5G. Em um encapsulamento IP65, o dispositivo foi desenvolvido para aplicações em ambientes industriais exigentes e pode ser usado em redes públicas e privativas 5G”, finaliza.