(03/04/2022) – Já ouviu falar de usinagem spot? Trata-se de uma variação do termo mercado spot (spot market) ou preço spot, como utilizado no mercado de commodities. Neste caso específico, de usinagem spot, seriam encomendas de pequenos lotes de peças usinadas, com até 200 unidades, o que pode gerar economia na hora de cotar essas peças.
Para exemplificar, a Peerdustry – que está divulgando este conceito no País – pergunta: caso uma determinada empresa precise de 10 de unidades de determinada peça (3 a cada mês), como ela deveria fazer esta aquisição, comprando as 10 de uma só vez ou realizar 3 compras mensais de 3 peças?
A resposta parece óbvia. Afinal, quando compramos qualquer coisa, seja um brigadeiro ou copos descartáveis, a quantidade está diretamente relacionada aos custos de produção daquele item.
Com peças usinadas não é diferente. A principal diferença entre uma peça e um lote de peças está, sem dúvida, no orçamento, porque o volume é muito importante em vários tipos de produtos e em especial no mercado de peças usinadas.
Quando compramos maiores quantidades de peças usinadas, os valores unitários se tornam menores e, portanto, o desconto se torna maior. “Este fenômeno é muito mais relevante na formação do preço no mercado de usinagem spot de baixo volume, do que em qualquer outro mercado”, diz Bruno Diesel Gellert, CEO da Peer.
Ele lembra que a cotação de peças usinadas está relacionada, principalmente, a quatro fatores: definição do perfil da matéria-prima; definição do processo de usinagem; set up de máquinas; custo de controle de qualidade; e frete.
Assim, se a empresa precisa, por exemplo, de 60 unidades de determinada peça a cada três meses, compensa mais comprar as 60 de uma só vez e alimentar o estoque do que comprar 20 a cada mês.
Veja o gráfico abaixo, onde ilustramos lotes com volumes menores:
Ao analisar o gráfico, é possível notar uma redução de aproximadamente 38% no valor da peça unitária. “Isso porque a cada pedido são considerados os quatro fatores mencionados acima. Inclusive, vale mencionar que a quantidade de peças pode influenciar e modificar o processo de manufatura e as máquinas utilizadas”, salienta Gellert.
Definição da matéria-prima – O volume/quantidade do lote de peças usinadas também reflete diretamente no custo da matéria-prima. “Dependendo da quantidade do lote de peças, o perfil da matéria-prima mais adequada pode variar desde um tarugo cortado na dimensão da peça, indo para um tubo ou até uma barra inteira de material, que certamente apresentará um custo por peça inferior”, explica.
Além disso, o custo administrativo da venda de uma matéria-prima será mais diluído, caso o lote de peças for maior. Isto também se aplica ao custo de logística.
Ou seja, na usinagem spot para pequenos lotes (1 a 200 peças), quanto maior o lote, menor será o custo da matéria-prima em relação à unidade da peça. Portanto, tire proveito da economia de escala.
Definição do processo de usinagem – Existem muitas estratégias de usinagem viáveis para a manufatura de uma determinada peça. Pode ser por meio de um torno convencional, ou em um torno CNC. O acabamento pode ser realizado numa fresadora convencional ou num centro de usinagem CNC.
Tais processos possuem custos totalmente diferentes, levando em consideração o tempo de setup, mão de obra alocada etc.
Então, como definir o melhor custo de processo? “Tudo depende da quantidade de peças e do formato da matéria-prima, definidos anteriormente”, afirma Gellert.
Suco de laranja – Para exemplificar, ele faz uma analogia com o suco de laranja. “Se você for fazer um copo de suco de laranja, provavelmente irá preferir espremer duas ou três laranjas com um espremedor manual, ou até na mão”, observa.
“Agora, se for fazer uma jarra de suco de laranja para o jantar com sua família, você certamente irá considerar o uso de um espremedor de laranjas elétrico”, pondera. “Ao espremer o suco na mão, você gasta mais tempo. Porém ganha tempo lavando o espremedor manual. No caso do espremedor, você consegue fazer mais suco em menos tempo, mas tem mais equipamentos para lavar. Qual vale mais a pena?”
Setup das máquinas – A preparação inicial leva um tempo específico para cada máquina e tecnologia. Um torno convencional requer menos tempo de preparação do que um torno CNC, que necessita de programação prévia. Porém, uma vez programado, o torno CNC irá reproduzir o trabalho de forma precisa e sem gerar novo trabalho.
Se você vai fabricar 1 unidade ou 5 unidades, certamente poderá escolher processos de manufatura diferentes que irão impactar em tempos de setup diferentes.
Controle de qualidade – Para quantidades maiores de peças, muitas vezes é utilizado uma estratégia de medição baseada em um gabarito.
Quando em menores quantidades, a medição acaba sendo feita por ferramentas manuais com menor velocidade de execução, porém sem custo de preparação, diferente dos gabaritos.
Portanto, as nossas escolhas sempre interferem diretamente no orçamento da peça.
Frete – Quando compramos algo na internet, sempre incluímos mais itens no carrinho para “aproveitar” o frete. Com as peças usinadas também funciona assim. Pode-se comprar um volume maior de peças e “aproveitar” o frete.
Desta forma, você paga-se o frete uma única vez. Se fizer compras “picadas” terá de pagar a taxa mais de uma vez.
Gellert conclui esclarecendo que a Peerdustry, que conta com rede de fornecedores de usinagem, tanto para usinagem spot quanto de alto mix, conta com modelos matemáticos e algoritmos – desenvolvidos pela própria empresa – com os quais consegue precificar as peças de forma unitária e por lotes.
“Também conseguimos prever oscilações nos preços das matérias-primas, que, como dissemos anteriormente, influenciam no preço das peças usinadas”, enfatiza.
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