Trem regional produzido pela Alstom
(27/03/2022) – O antigo desejo de muitos brasileiros, em especial os paulistas, de voltar a contar com um sistema ferroviário de transporte de passageiros pode estar prestes a ser viabilizado. O governo de São Paulo anunciou recentemente que a licitação do Trem Intercidades, ligando as cidades de São Paulo e Campinas, deve ser lançada em abril.
Vale lembrar que os primeiros estudos deste projeto datam do início deste século e ganharam impulso a partir de 2017.
Anteriormente prevista para março, a licitação foi adiada para a realização de ajustes no projeto, a partir da audiência pública realizada em agosto do ano passado, da qual participaram operadoras privadas, construtoras e fabricantes de material rodante. Segundo o governo estadual, as contribuições colhidas no encontro servirão de base para o edital definitivo da PPP do Trem Intercidades (TIC).
Um desses ajustes se deu na previsão de investimento no projeto. De um valor de R$ 8,6 bilhões, agora a concessão deverá ter um Capex (despesas de capital) de R$ 10,2 bilhões, um aumento de quase 19%.
Como contrapartida, o prazo de concessão também foi estendido, de 30 para 35 anos. A publicação do edital de licitação, por seu turno, também foi adiada para abril, não devendo mais ser lançada em março, como havia sido planejado.
A ampliação dos investimentos engloba a aquisição de trens, a modernização da Linha 7-Rubi, que será repassada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a implantação de novos serviços, que incluem o Trem Intermetropolitano, entre Jundiaí e Campinas.
Segundo informou o secretário de Transportes Metropolitanos, Paulo Galli, o maior aumento se deu na rubrica dos custos com a infraestrutura entre a capital paulista e Campinas, seguido de perto pela modernização de vias da Linha 7-Rubi.
“Esta linha também deverá receber novas estações, assim como conexões com as linhas 6 e 8 da CPTM”, disse Galli, acrescentando que essas obras ficarão a cargo da concessionária.
O avanço do projeto foi facilitado pela renovação antecipada, pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da concessão da MRS. A concessionária de carga será responsável por parte das obras de segregação das vias entre Jundiaí e São Paulo, necessárias para viabilizar o Trem Intercidades.
O governo de São Paulo também anunciou que pretende transformar ferrovias desativadas, com baixa capacidade ou ociosas em linhas de trajeto curto, as chamadas “shortlines”.
A ideia é de que essas linhas voltem a operar plenamente, e equilibrem a matriz de transporte de cargas no estado, hoje altamente dependente das rodovias.
Hoje, 11% do transporte de cargas em São Paulo é feito por meio de ferrovias, diante dos 84% de participação das rodovias e 5% de outros modais, índice inferior à média brasileira, de 23%.
São Paulo tem 2.530 km de trilhos sem ou quase sem utilização, uma extensão maior do que a própria malha ativa do estado, de 2.390 quilômetros.
PROJETO – “O prazo de execução total do projeto é de sete anos, a partir da assinatura do contrato, com possibilidade de entrega do serviço do TIC [Trem Intercidades] em quatro anos. Não há atraso na publicação do edital, o prazo foi prorrogado para que as contribuições recebidas na consulta pública sejam incorporadas ao projeto”, diz texto produzido pela secretaria de Transportes de SP.
O trajeto de 101 km de extensão deve ser atendido por um trem com capacidade para 800 passageiros, capaz de operar com velocidade comercial de 95 km/h, e em intervalos de até 15 minutos nos horários de pico. A viagem tem duração prevista de 1h04.
A implantação do Trem Intermetropolitano entre Campinas e Francisco Morato (SP) atenderia também outros municípios do interior paulista como Louveira, Valinhos e Vinhedo. A extensão dessa linha seria de 65,8 km.