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21/06/2009

Para garantir direitos, ex-funcionários acampam na porta da Cross Hueller

(21/06/2009) – Há 33 anos, Euclides Fantini cumpria uma rotina: dirigir-se ao seu trabalho em Diadema, onde ocupava o cargo de chefe de Logística. No dia 31 de março essa rotina foi quebrada, com o fechamento da fábrica da Cross Hueller. Agora, desde o dia 14 de maio, Fantini tem nova rotina: dirigir-se ao mesmo local, não mais trabalhar e sim para “acampar” com ex-companheiros de trabalho na porta da empresa.

Fantini e outros 130 trabalhadores deveriam ter recebido as verbas rescisórias no dia 9 de abril. Não receberam. Não bastasse isso, foram informados de que a empresa pretendia retirar do local máquinas e equipamentos.

Mobilizados via internet e celular, os trabalhadores decidiram ir para a porta da fábrica. A informação estava correta: a Cross Hueller enviou quatro carretas para retirar o maquinário. Assim, desde 14 de maio, trabalhadores especializados transformaram-se em guardas. Armados de barracas de lona e celulares mantêm turnos de trabalho – inclusive noturno e aos finais de semana – para garantir o recebimento de seus direitos. Dentro das instalações, além do maquinário usado na produção, estão máquinas prontas e semi-montadas que seriam entregues à GM, além de seis máquinas que a GM havia comprado na Alemanha e que lá estavam para receber ferramentais e dispositivos.

“Nos deixaram com uma mão na frente e outra atrás”, diz Fantini, de 52 anos, que transformou o seu automóvel num arquivo ambulante. A qualquer pergunta ele recorre aos papéis que guarda no veículo. Sua carteira profissional, aliás, traz todas as alterações de razão social da empresa. Embora este tenha sido seu 2º emprego, lá Fantini passou por seis empresas. Foi contratado em 1976, três anos após a Hüller Hille instalar-se no País. Em 1979 a razão social foi alterada para Thyssen Hueller; em 1992, passou para Thyssen Production Systems; em 1999, para ThyssenKrupp Products System. Em 2003, foi criada a divisão ThyssenKrupp Metal Cutting que, em 2005, foi vendida à MAG Industrial, integrante do grupo norte-americano Maxcor, e passou a chamar-se Cross Hueller.

Para Celso C. Neves, que trabalhava há 6 anos no Planejamento da Produção, esta última negociação está na origem dos problemas atuais. “O Maxcor não é um grupo originariamente da área de máquinas e, desde que comprou a ThyssenKrupp Metal Cutting, já fechou várias fábricas no mundo”, observa. “Existiam várias alternativas para a continuidade da filial brasileira, mas o grupo preferiu fechar a fábrica”, diz Neves, fazendo questão de frisar “que o fim do contrato com a GM não foi o principal motivo, foi apenas a gota dchr38acute;água”.

Neves recorre aos papéis guardados no automóvel-arquivo de Fantini para dar detalhes do endividamento da empresa.  Segundos os autos da 4ª. Vara Cível de Diadema, a dívida da Cross Hueller com os funcionários é de R$ 5,1 milhões (para os trabalhadores chega a R$ 6 milhões). Em impostos, soma cerca de R$ 3 milhões; para bancos, R$ 1,7 milhão; as dívidas com fornecedores chegam a R$ 10 milhões; e com empresas coligadas da MAG é de R$ 37 milhões. O total é de R$ 57 milhões. Nos autos, também consta que a dívida da GM com a empresa soma R$ 16 milhões.

Segundo Neves, os trabalhadores aguardam para os próximos dias, com o término do prazo de 60 dias, que a empresa apresente o plano de recuperação judicial. Recentemente os trabalhadores começaram a receber seus alvarás para a retirada do FGTS. Até aqui, boa parte deles, estava dependendo de contribuições que chegaram de trabalhadores da Thyssen, da Berco, da Proema, da Grob e que se transformaram em cestas básicas. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem fornecido marmitex para os acampados. Para contribuir com os ex-funcionários da Cross Hueller, entre em contato pelo fone (11) 9417-1803, com Celso.

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