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São Paulo, 08 de outubro de 2025

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20/06/2010

Brasil: potência global na produção de veículos?

(*) Stephan Keese
(20/06/2010) – O Brasil vive um período espetacularmente positivo no segmento automotivo. Ainda neste ano, o País alcançará a 4ª posição mundial em vendas de carros. Em 2010, a estimativa é de que 3,2 milhões de veículos de passeio e comerciais leves sejam comercializados. Até 2015, serão cinco milhões de unidades vendidas.

Recente estudo da Roland Berger Strategy Consultants sobre o segmento automotivo nacional aponta evidências reais de crescimento que poderão fazer do Brasil uma potência mundial na produção e vendas automotivas. Para isso, coloca-se como desafio uma aliança entre governo e as indústrias do segmento, para solucionar velhos problemas do setor e suscitar novas estratégias de inovação.

Quatro pontos merecem destaque nessa discussão: a definição de uma visão clara do futuro da indústria automobilística, soluções para reduzir o custo da produção, alternativas tecnológicas para as empresas e estratégias para exportação de carros. Outra questão que não pode ser adiada é a do aumento da competitividade das montadoras e fabricantes de autopeças.

A aliança do Governo com as indústrias também deve priorizar as vendas domésticas e as exportações para a América Latina. O custo para manter um veículo no Brasil ainda é muito alto. Consequentemente, a frota fica cada vez mais velha. Por exemplo, na China, o custo de um carro é a metade do que os brasileiros pagam. Isto acontece pois o preço de produção no Brasil é muito elevado.

Agora, o outro lado da moeda: apesar da possibilidade concreta de crescimento, se considerados importantes aspectos da cadeia de valores automotiva, o Brasil ainda não é competitivo em escala mundial. Para potencializar esta competitividade, é necessário mais investimento na indústria de autopeças, objetivando diminuir os custos de produção e de distribuição. Estes valores são altos devido à carência de infraestrutura das estradas e dos portos do País.

A indústria de autopeças desempenha um papel muito importante para o crescimento do setor no Brasil. Sendo assim, os fornecedores devem analisar suas fraquezas e encontrar o caminho para o desenvolvimento. Nesse cenário, dois pontos merecem ser destacados.

Primeiramente, os fornecedores estão investindo na melhoria da capacidade de produção de uma maneira mais reativa do que pró-ativa. Este comportamento gera uma situação constante de falta de capacidade de produção, além de aumentar a possibilidade de os grandes fabricantes procurarem outros países para suprir as demandas adicionais de crescimento.

Em segundo lugar, a falta de concorrência global para os fornecedores vem da ausência de avanço da produtividade. Sim, os fatores de custo (material, mão-de-obra, logística, entre outros) são elevados e continuam crescendo cada vez mais. Ainda assim, os fornecedores não se esforçam para melhorar a estrutura de custo para acabar com o aumento dos preços.

Desde 2004, o Brasil vem apresentando taxas altas de crescimento e estabilidade, o que gera um cenário positivo para investimentos de longo prazo. Esta é a hora de se investir no País. Mas, temos de considerar que este é um processo contínuo de desenvolvimento. Ou seja, o governo deverá continuar incentivando os fabricantes nacionais a evoluírem cada vez mais.

Com base em tais evidências, é possível assegurar o excepcional potencial de crescimento do segmento automotivo brasileiro. O desafio é colocar para andar uma série de ações para ampliar este potencial. Uma delas é a criação de uma agenda governamental para a indústria. Os fornecedores brasileiros também precisam melhorar os conhecimentos tecnológicos e reduzir custos para competir no mercado global. O mais importante, neste momento, é agir. Inaceitável seria o País assistir, de braços cruzados, a essa oportunidade passar.

(*) Stephan Kesse é diretor para o segmento automotivo da Roland Berger

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