São Paulo, 07 de maio de 2024

23/08/2009

Empresas japonesas observam e investem no Brasil

(*) Alexandre Ratsuo Uehara
(23/08/2009) – O Brasil registrou de janeiro a junho de 2009 novo aumento dos investimentos diretos estrangeiros (IDE) do Japão. O volume atingiu US$ 565,2 milhões, com crescimento de 158% em relação ao mesmo período de 2008 (US$ 356,6 milhões). Ainda que seja difícil imaginar o mesmo volume de recursos totais de 2008 (US$ 4,1 bilhões), os dados do 1º semestre mostram que persiste o interesse nipônico sobre a economia brasileira. Rei Oiwa, diretor de pesquisas da Jetro (Japan External Trade Organization) no Brasil, apresenta dados que corroboram essa percepção: em 2008, o escritório brasileiro foi o 6º mais consultado dentre 73 representações da Jetro em 55 países e a procura em 2009 tem mantido os mesmos níveis elevados.

Dados do Banco Central do Brasil demonstram que a tendência de aumento dos fluxos de IDE japoneses está presente desde o inicio da estabilização da economia brasileira, em meados dos anos 1990. No ano de 2008, o destaque foi o grande volume de IDE destinado ao setor de extração mineral, que totalizou cerca de US$ 3,3 bilhões. Excluindo esse valor o total de IDE japonês em 2008 atingiria US$ 764,1 milhões, ficando próximo à média de US$ 695,7 dos anos de 2001-2007, período que marca a retomada do crescimento da economia e do IDE do Japão. Em 2008, apesar da crise internacional, que afetou fortemente também o Japão, o IDE desse país não só continuou fluindo ao Brasil como aumentou.

No período 2001-2008 o Brasil permaneceu entre os 15 maiores destinos no mundo ao IDE do Japão, com exceção de 2004. Portanto, pode-se perceber que o interesse do empresariado japonês pelo Brasil não é só retórico, pelo fato do país ser um membro do grupo denominado BRIC. Percebe-se que o interesse está se concretizando em novos investimentos, conduzindo a uma elevação de 356% no estoque de IDE do Japão no período de 2001 a 2008, passando de US$ 4,6 bilhões para US$ 16,5 bilhões. Em 2008 o Brasil registrou o 2º maior estoque de IDE japonês entre os BRIC, ficando atrás da China (US$ 49 bilhões), em 3º ficou a Índia (US$ 9,4 bilhões) e a Rússia (669 milhões) em 4º.

Ao longo do recente período de crescimento econômico do Japão (2001-2007), os cinco segmentos da economia brasileira se destacaram por receberem maiores fluxos de IDE foram: extração de minério de ferro (US$ 4,2 bilhões); equipamentos transmissores de rádio e TV (US$ 706,8 milhões); automóveis, camionetas e utilitários (US$ 706,8 milhões); seguro de vida (US$ 408,5 milhões); laminados planos de aço (US$ 371,2 milhões).

Dentre esses setores pelo menos duas operações chamam atenção pelas suas dimensões: a venda por US$ 3,08 bilhões em 2008, de 40% de participação na mineradora Namisa pela CSN ao consórcio formado pelas siderúrgicas japonesas Nippon Steel, JFE Steel, Sumitomo, Kobe Steel e Nisshin Steel, pela trading Itochu e pela sul-coreana Posco; o 2º foi a negociação na área de seguros envolvendo a Tokyo Marine.

O segmento de equipamentos transmissores de rádio e TV foi o segundo setor que mais recebeu investimentos japoneses no período em análise.  No setor automotivo registra-se o crescimento da produção das montadoras japonesas no Brasil. O setor de biocombustíveis também se destaca, com cerca de US$ 254 milhões nos últimos três anos.

Já no segmento de aços planos o destaque foi o aumento da participação da Nippon Steel na Usiminas em 2006 pela aquisição de 50,9% de participação na Nippon Usiminas. Após essa operação a empresa japonesa se comprometeu em fornecer à Usiminas a mais recente tecnologia para a produção de lâminas de aço destinadas aos fabricantes automotivos japoneses no Brasil. Em 2009, nos dados até abril, o Banco Central já registrou mais US$ 132 milhões em IDE do Japão para produção de laminados de aço, confirmando as notícias de que as empresas desse país no setor siderúrgico, como a JFE Steel e a Nippon Steel Sumitomo Metals Industries, têm sinalizado interesse em novas inversões no país.

As condições atuais, apesar das dificuldades enfrentadas pelo Japão com a sua economia, o Brasil registrou no primeiro semestre de 2009 um total de IDE japonês de US$ 565,2 milhões, uma variação de 158% frente os US$ 356,6 milhões no mesmo período de 2008. Todos esses dados permitem a formulação de expectativas otimistas, não só pela manutenção do fluxo IDE japonês, como também por uma tendência de crescimento.


*Alexandre R. Uehara é Dr. em Ciência Política pela USP, prof. de Relações Internacionais nas FIRB e coordenador da área Japão do Grupo de Conjuntura Internacional da USP

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