São Paulo, 27 de abril de 2024

21/11/2008

O martelinho do senhor Leonel

(*) Aldeci Vieira Santos

(2004) – Certa vez ouvi esta história de um chefe de produção. Acredito que ela vale uma reflexão.

“Um gerente foi contratado para a nossa produção. Chegou cheio de boas idéias para revolucionar nossa fábrica. Andando pela fábrica para encontrar pontos de melhoria, percebeu um senhor já com os cabelos brancos, sentado em um pequeno banco de madeira e rodeado de peças fundidas, a caminho da usinagem.

O gerente ficou um certo tempo observando os movimentos tranqüilos daquele senhor, num constante “toc-toc”, gerado por pequenos golpes nas peças dados com um martelinho. Retirava-as da pilha uma a uma e, após golpeá-las, as separava.

Não entendendo aquilo, o gerente pediu que chamassem o responsável do setor para que lhe explicasse o que aquele homem fazia. Assim veio a resposta. “Ah, esse é um trabalho importante para nós. O sr. Leonel está fazendo uma separação de peças boas e ruins”.

Inconformado com aquele procedimento, o gerente pediu para demiti-lo, pois achava aquele trabalho desnecessário. Assim foi feito e nos dias que seguiram a rejeição aumentou muito. As peças estavam saindo com falhas, como porosidade, as pastilhas gastavam mais rápido, apareciam trincas. Um verdadeiro desastre na produção.

Duas semanas depois, o gerente pedia explicações à fábrica. O chefe respondeu que o problema estava nas peças fundidas. Havia pedido para o fornecedor avaliar, mas ele não sabia dizer o que estava acontecendo, pois todos os cuidados haviam sido tomados, como mandavam os procedimentos e não tinha resposta.

Foi nesse momento que alguém comentou: “Precisamos chamar o sr. Leonel”. Após relutar um pouco, o gerente pediu para chamar de volta o homem do martelinho. O senhor Leonel aceitou imediatamente, muito feliz em voltar ao seu antigo trabalho.

O gerente tendo notícias que a produção voltava à normalidade, resolveu visitar o “toc-toc” do martelinho do sr. Leonel. Não contente com aquela cena, questionou: “Como o senhor sabe qual é a peça boa ?” e ele respondeu: “Pelo som”. Então, o gerente pediu para que ele mandasse somente as peças ruins para a produção. O Sr. Leonel estranhando aquela decisão disse: “O senhor é que sabe” e assim o fez. Para o espanto do gerente todas as peças “morreram”.

Até hoje o martelinho faz “toc-toc”.

Não subestime a capacidade das pessoas, mesmo que tenham atribuições simples, elas podem ser de grande importância para os resultados.

(*) Aldeci Vieira Santos é supervisor de Treinamento da Sandvik Coromant

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