Alberto Mawakdiye
(10/05/2009) – O mercado de energia eólica receberá um belo incentivo com a decisão do governo federal de promover, em novembro, leilão específico para contratar energia gerada pela força dos ventos. A intenção do Ministério das Minas e Energia é incentivar a construção de centrais eólicas no Brasil – o país tem apenas 33 usinas em operação, responsáveis pela geração de meros 414 MW, ou 0,37% do total de energia ofertada – e utilizá-las como reserva estratégica. As empresas têm até 29 de maio para fazer o cadastramento.
Em leilões anteriores, nos quais a energia eólica foi oferecida junto com a hidrelétrica e a térmica, não apareceram interessados em montar empreendimentos nesta modalidade, cuja implantação e equipamentos são de fato mais caros. Isso faz com que o preço de mercado da energia eólica, de R$ 180 a R$ 220 o MWh, fique bem acima dos R$ 140 pagos em média pela energia térmica, por exemplo. Tampouco existe no país levantamento preciso da localização e força dos ventos.
Para reduzir o risco dos investidores, o governo pretende trabalhar com margem de cerca de 10%, para mais ou para menos, no tocante à quantidade de energia a ser contratada do empreendedor. Este terá quatro anos para corrigir o eventual desvio.
O leilão pode atrair investimentos estrangeiros, tanto para a área de geração como de produção de equipamentos. Essa modalidade de geração e a respectiva cadeia produtiva são bastante fortes na Europa. Na Dinamarca, a energia eólica já responde por 12% do total da matriz energética. No norte da Alemanha, passou de 16%. Neste último, aliás, a indústria eólica já consome mais aço e emprega mais pessoas do que a automobilística.
Há espaço de sobra para o crescimento da cadeia de fabricantes de componentes de usinas eólicas no Brasil. Há somente três empresas produtoras de grandes aerogeradores (compostos por torres, turbinas e pás), as multinacionais Wobben Wind Power, a Tecsis e a recém-instalada Impsa Wind. De outro lado, há várias empresas produtoras de pequenos aerogeradores, usados principalmente em eletrificação residencial e rural, um mercado em visível ascensão. Para estimular o adensamento da cadeia eólica, o governo vai exigir que as novas usinas operem apenas com equipamentos novos, evitando a importação de sucatas de outros países.
Pouquíssimo aproveitado – embora nada menos que 50 usinas estejam outorgadas pelo governo – o potencial eólico do país é estimado em 145 GW. Só o Nordeste contribui com 52% de toda esta possível geração, com 75 GW. Como termo de comparação, todo o parque gerador brasileiro produz atualmente 414 MW.
No Ceará, o estado mais bem aquinhoado pelos ventos, o potencial é calculado em 25 GW em terra e 10 GW sobre o mar – equivalente a duas vezes e meia do que é gerado em Itaipu. É no Ceará e na Paraíba que se concentram a maioria das usinas hoje em operação – 20, sobre um total de 33. O Ceará é também o único estado que conta com usinas eólicas em construção neste momento, 7 no total.