(26/04/2009) – A indústria brasileira pode registrar contração de até 4,5% na produção, caso se mantenha a queda registrada neste primeiro trimestre nas exportações. Esta é uma das conclusões de estudo “Impactos da queda nas exportações sobre a produção doméstica”, de Fernanda De Negri, Gustavo Alvarenga e Carolina Santos, publicado pelo boletim Radar: Produção, Tecnologia e Comércio Exterior, do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
“Um dos principais canais de transmissão da crise internacional para a economia brasileira está relacionado com a redução da demanda internacional”, dizem os autores do estudo. “No primeiro trimestre do ano, as exportações brasileiras caíram 19% em relação ao mesmo período do ano passado. Na indústria de transformação, esta queda foi ainda maior: 26%.”. O setor mais atingido foi o automotivo, com redução de 51% nas vendas para o exterior.
Os autores informam a existência de indícios de que a queda das exportações brasileiras pode superar a queda das exportações mundiais, levando o País a perder espaço no mercado internacional. “Além da queda no comércio mundial – estimada pela OMC em 9%, para 2009 -, a redução dos preços de commodities tende a afetar o Brasil mais fortemente do que vários outros países, dada a elevada participação destes produtos em nossa pauta exportadora – aproximadamente 43%, em 2008”. Segundo o estudo, o governo estima queda de cerca de 20% nas exportações brasileira em 2009, maior, portanto, que a queda esperada no comércio mundial.
Na indústria de transformação, os setores que apresentaram a maior redução das exportações no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, foram: veículos (-51%), madeira (-48%), petróleo e combustíveis (-41%) e couro e calçados (-40%).
Para a indústria de transformação como um todo, a queda de 26% nas exportações representa 4,4%, levando-se em conta o coeficiente de exportação estimado para 2008, do valor da produção da indústria. O que significa que, se ao longo do ano as exportações mantiverem este ritmo de queda, seu impacto direto equivale a um recuo de mais de 4,5% na produção doméstica ao longo de 2009. Este seria o montante que a demanda doméstica deveria crescer, a fim de equilibrar o impacto negativo das vendas externas na produção doméstica.
Segundo o estudo, “alguns dos setores mais afetados pela queda nas exportações podem encontrar alívio no mercado doméstico”. O setor de máquinas e equipamentos tem seu desempenho agravado pelo fato de que os investimentos também estão declinando e, portanto, a pressão para reduzir a produção ocorre pela diminuição tanto da demanda externa quanto da demanda doméstica.