(12/10/2008) – A repentina alta do dólar prejudicou a expectativa de realização de negócios dos expositores da Feira Usinagem 2008, realizada a semana passada no Expo Center Norte, em São Paulo. A moeda norte-americana, que na semana anterior já havia superado a casa dos R$ 2, chegou a ser cotada a R$ 2,45 nos dias de realização do evento (de 6 a 8 de outubro).
“É claro que essa alta afetou os negócios, pois criou um clima de incerteza e indefinição”, reconheceu Hermes Lago, diretor de Comercialização Máquinas-Ferramenta da Romi. “Tanto para quem vende máquinas importadas, como para que vende máquinas nacionais, já que o ambiente ficou avesso a qualquer decisão”.
No estande da Andorinha, a preocupação era com o crédito. “O dólar não chegou a mexer com os negócios, já que ainda estamos com preços competitivos. O problema é o fechamento das linhas de crédito dos bancos”, informou o gerente de Vendas Antonio Carlos Pereira, lembrando que a maioria das máquinas vendidas pela empresa são financiadas.
Hisao Horita, diretor Comercial da HDT, que representa no Brasil as marcas Citizen Cincom, Miyano e Schütte, do Japão e da Alemanha, demonstrava maior preocupação com as máquinas que estão a caminho do Brasil ou que estão no porto de Miami, prestes a ser enviadas para o Brasil. “Muitos clientes que têm máquinas para ser entregues já nos procuraram, querendo adiar a entrega e evitar fechar o câmbio com o dólar nesse valor”, explicou, lembrando que a armazenagem dessas máquinas nos portos, no EUA ou Brasil, tem custo, que não baixo. Quanto aos negócios na feira, disse não ter efetuado nenhuma venda: “A alta do dólar foi muito brusca”, explica. As máquinas vendidas pela HDT têm valor entre US$ 90 mil e US$ 700 mil.
Outros expositores dizem não ter sentido os efeitos da desvalorização do real. “O movimento foi normal”, disse Maurício Gonçalves, supervisor de Vendas da Fobrasa. “Alguns negócios previstos para ser fechados aqui não se concretizaram. Por outro lado, fechamos negócios não previstos e temos boas perspectivas de fechamento de outros negócios surgidos aqui, no pós-feira”.
Edson Marinho, diretor Comercial da Deb´Maq, disse que os negócios da empresa não foram afetados, até porque trabalha tanto com máquinas importadas, quanto com máquinas nacionais. “Foi até melhor para a linha nacional, na medida que nossas máquinas ficaram ainda mais competitivas”, explicou. “Fechamos aqui negócios no valor de R$ 1,2 milhão, 80% desse total envolvendo máquinas nacionais, até porque as importadas são de maior valor e demandam maior tempo de negociação”.
“Vendemos o esperado nessa feira. Cumprimos nossa meta”, informou Carlos Lazarini, da área de Vendas da Powermaq. Para ele, o fato de não ter alterado os preços em reais pode ter contribuído para a realização de negócios. No momento em que a reportagem esteve no estande da empresa estavam sendo fechados três negócios. Lazarini informou ter fechado a venda de cerca de 30 máquinas durante o evento, metade de pequeno porte e metade de médio porte.
Para a maioria dos entrevistados, as próximas duas semanas serão de indefinição. Após esse período, virá a estabilização.