(16/11/2008) – Nem todas as empresas do setor de ferramentas de corte adotam as mesmas estratégias para treinar clientes e usuários. Algumas por especificidades de sua área de atuação, tipo de produto ou ainda com o intuito de oferecer um serviço diferenciado.
É o caso da Lamina do Brasil – empresa de origem suíça, criada há pouco mais de sete anos – que desenvolveu um modelo de treinamento voltado a pequenas e médias empresas. Segundo Régis Franco, gerente Técnico-Comercial, isso se deve a alguns fatores, como o fato de esse segmento industrial ser um dos principais focos da empresa. A Lamina desenvolveu o conceito de ferramenta multimaterial, bastante adequado às pequenas e médias, que em geral trabalham com lotes menores (embora também possa ser aplicado para grandes volumes) e teoricamente têm mais trocas de materiais e peças.
Além disso, em sua opinião, as pequenas e médias são as que têm maior carência de oferta de treinamentos e as que deles mais precisam, já que muitas vezes não contam com um departamento estruturado de produção. Em alguns casos, inclusive, os operadores trabalham cada a sua maneira, sem a orientação de um gerente ou um supervisor.
A esses fatores, Franco juntou sua experiência de mais de 25 anos na área de usinagem – já trabalhou na Ford, Tritec e como instrutor do Senai. O resultado é um programa focado nos princípios básicos do processo de usinagem, voltado para a otimização dos parâmetros de corte, visando a melhor produtividade do cliente. Além disso, prepara os profissionais para serem mais independentes.
A princípio, a filial treinou toda a rede de distribuidores, capacitando-a para que seus técnicos se tornassem multiplicadores. Lançado em 2005, o programa foi considerado um sucesso, chamando a atenção da matriz. Desde então, o modelo já foi exportado para os EUA, Europa e Ásia. O próprio Franco já esteve em 17 países, treinando equipes das filiais, distribuidores e representantes da Lamina.
MAPAL – O caso da Mapal é distinto. Tendo como carro-chefe as ferramentas de PCD, ainda menos conhecidas as de metal duro, a empresa treina todos funcionários do cliente envolvidos numa determinada operação antes de iniciá-la. “Nossas ferramentas são especiais e é preciso treinar o pessoal sobre sua utilização, manuseio, pré-set etc., além de dar todo o suporte para a operação”, informa Rogério Rodrigues da Silva, gerente Técnico e Ombudsman da Mapal.
Para o gerente, esse treinamento e suporte são essenciais para o sucesso da empresa. “Se o cliente coloca a ferramenta na máquina e ela não produz o esperado, é um marketing negativo para nós”, diz.
Embora não conte com um departamento específico, Silva informa que o corpo técnico da Mapal está preparado para atender as solicitações dos clientes também no que se refere cursos específicos de usinagem. Por outro lado, a empresa planeja ampliar a oferta de cursos e seminários técnicos, como o realizado em agosto passado, em Porto Alegre, onde foram abordados, entre outros temas, usinagem com PCD, usinagem de ponta de eixo e alargadores HPR e HFS.
CERATIZIT – O modelo adotado pela Ceratizit também é diferente. Os treinamentos não se baseiam nas operações de torneamento, fresamento e furação, mas por tipo de aplicação. “Se o cliente usina rodas de alumínio não vamos à fábrica dele para falar sobre torneamento de alumínio, mas sobre a manufatura de rodas de alumínio – processo, fixação, máquinas e ferramentas para usinar o produto dele”, informa Diógenes Berel, gerente Técnico e Comercial da Ceratizit.
Embora utilize métodos similares – reunindo um grupo de pessoas numa sala de treinamento para mostrar como aplicar as ferramentas, como usinar etc. – Berel acredita que o treinamento oferecido pela Ceratizit se assemelha mais a uma consultoria. “Nós fazemos a transferência tecnológica de nosso conhecimento sobre ferramentas e processos e habilitamos o cliente a desempenhar essa função”.
Segundo Berel, a Ceratizit não tem intenção de criar um departamento de treinamento. Pretende, porém, intensificar a organização de seminários próprios ou em parceria com fabricantes de máquinas em suas áreas de atuação, como fez no início do ano, organizando um workshop sobre de cilindros de metal duro e, mais recentemente, num evento de material ferroviário.