São Paulo, 28 de março de 2024

09/05/2008

A origem da palavra fresa e o pedido esquisito

— Você sabe a origem da palavra fresa?, perguntou o especialista em usinagem ao projetista de ferramentas especiais.

— Não, respondeu o projetista, um tanto surpreso com a pergunta, envolvido que estava com o desenvolvimento de uma nova ferramenta.

O especialista levantou-se e se dirigiu até a mesa do colega com um livro antigo nas mãos. “Dê uma olhada. Veja que interessante”, disse, apontando para uma página do livro.

O projetista pegou o livro e leu mais ou menos o seguinte: “A ferramenta que hoje conhecemos como fresa surgiu na França. As primeiras fresas foram fabricadas por Jacques de Vaucanson, antes de 1780, e tinham dentes muito finos, feitos provavelmente com talhadeira. Devido ao formato ovalado, coberto de pequenas saliências (ou escamas), a ferramenta acabou sendo batizada de fresa – que é a palavra para se designar morango na França e em alguns países de língua espanhola”.

— É o mesmo que acontece com a fresa-abacaxi, disse o projetista, devolvendo o livro, voltando-se quase que imediatamente ao seu projeto.

O especialista retornou a sua mesa arrasado com a frieza do colega. “Pô, tá certo que o cara está envolvido num projeto importante, mas a informação era relevante. No mínimo curiosa. Isso que dá essa minha mania de dividir conhecimento. Devia ter ficado quietinho…” O telefone tocou, interrompendo suas divagações. Era um vendedor com dúvidas sobre a aplicação de um produto.

Mal a conversa tinha começado e o projetista explodiu numa gargalhada. Primeiro o especialista tapou o bocal do telefone, mas como o colega não conseguia se conter, informou ao vendedor que iria consultar o catálogo e ligaria em seguida.

Passado o ataque, o projetista explicou o motivo da gargalhada: pela manhã havia recebido um e-mail da matriz informando que um cliente da Argentina, que normalmente era atendido pela filial brasileira, havia feito um pedido direto. Mas eles resolveram encaminhar o pedido para o Brasil, pois na matriz ninguém conseguia entender. Estava escrito num inglês esquisito, meio sem pé nem cabeça. “Eu só estava esperando a melhor hora para ligar para o cliente e resolver isso. Mas a explicação está no livro que você me passou”.

Quem não entendeu nada, dessa vez, foi o especialista. “Por quê?”, quis saber.

— O cliente deve ter escrito em espanhol e, depois, traduzido o texto num desses tradutores disponíveis da Internet. Daí, a confusão. No espanhol falado na Argentina, diferente do que ocorre na Espanha, a palavra para designar morango é “frutilla” e não “fresa”. Quando ele passou pelo tradutor da Internet, que aliás traduz muito mal, tudo que era fresa virou “strawberry”.

Nova sessão de risos. “Do jeito que estava, os caras da matriz podiam até pensar que era engano e encaminhar o pedido para a mercearia mais próxima”, brincou o projetista.

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