A compra da mineradora canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce é importante para a empresa e para o Brasil. A opinião é de Paulo Camillo Penna, presidente do Ibram – Instituto Brasileiro de Mineração.
Penna revela quatro aspectos importantes dessa aquisição. O primeiro: o níquel é um mineral estratégico para qualquer nação, já que está presente no dia-a-dia das pessoas e é utilizado em muitas indústrias, como na fabricação de placas-mãe de microcomputadores; na indústria de entretenimento, no revestimento de CDs e DVDs; na indústria da aviação, na construção da estrutura de aeronaves; na indústria da moda, para impressão de estamparias; na indústria de laticínios, nos equipamentos de conservação de alimentos.
O segundo é a transferência de tecnologia. “A Inco tem 104 anos de atividade e detém tecnologia de ponta, que vai aprimorar dois projetos de mineração de níquel da Vale, Onça Puma e Vermelho, que serão iniciados em 2008 no Pará, além de projetos envolvendo outros minerais”, diz.
O terceiro aspecto é que, com o ingresso da Vale no mercado canadense “empresas brasileiras fornecedoras de máquinas e equipamentos e também prestadoras de serviços passarão a atuar naquele mercado e nos Estados Unidos”, afirma.
O quarto ponto é que a transferência de tecnologia do Canadá para o Brasil “levará a uma maior qualificação dos trabalhadores em mineração aqui no Brasil, que estão entre os melhores em termos de produtividade”.
Em termos de mercado, Penna diz que a Vale se torna a principal fornecedora mundial de níquel, “o que reforça seu papel de ser uma das principais global players, com destaque na produção de minério de ferro, bauxita, alumina, cobre e manganês”.
O presidente do Ibram informa, ainda, que o mercado americano dá fortes sinais de que ampliará o consumo de níquel. “Cinco montadoras dos EUA já anunciaram que fabricarão já em 2007 carros híbridos, à gasolina e eletricidade, cujas baterias têm no níquel elemento essencial”, diz, acrescentando que o preço do mineral deu um salto nos últimos oito anos, passando de US$ 4 mil para US$ 28 mil a tonelada.
Outro mercado que se abre é o fornecimento de níquel para usinas nucleares no Brasil, a se confirmar notícia de que o governo brasileiro pretende incentivar essa modalidade de geração de energia, em razão de estudos que indicam eventual desabastecimento de energia elétrica a partir de 2010. “Se isso se confirmar, o níquel é matéria-prima em superligas utilizadas pelas usinas nucleares”, diz.