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São Paulo, 12 de junho de 2025

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17/02/2007

Desapropriação: o fim do sonho da Gurgel

(17/02/2007) – O sonho da fabricação de um carro genuinamente brasileiro, protagonizado pela empresa Gurgel, está perto de finalmente ser encerrada. O decreto de desapropriação da área da fábrica da Gurgel foi publicado na semana passada no Diário Oficial de Rio Claro (SP). Ao definir o terreno como de utilidade pública, a administração municipal abre a possibilidade de resolver um impasse que se arrasta desde 1993.

A intenção da prefeitura de Rio Claro é repassar a área de mais de 377 mil m², com nove galpões, para alguma empresa que deseja se instalar no município. A iniciativa do poder público deve beneficiar ainda a massa falida da antiga metalúrgica, composta, entre outros, por cerca de 700 ex-funcionários e diversos fornecedores.

Despacho da 3º Vara Cível de Rio Claro, publicado no último dia 24 de janeiro, autoriza o preposto do síndico a vender “os nove barracões que restaram na empresa, com estimativa de atingir perto de R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), para ficar a massa somente com a terra nua, sem necessidade de gastos com vigilância e possibilidade de quitação dos créditos de trabalhadores, assim como possibilidade de divisão das terras em partes menores e maior probabilidade de venda”.

A área da antiga fábrica da Gurgel já foi a leilão sete vezes, mas os valores oferecidos nunca chegaram perto dos R$ 14 milhões, valor fixado pelo juiz. O prefeito de Rio Claro, Dermeval da Fonseca Nevoeiro Jr., determinou a desapropriação por considerar importante manter a área em sua totalidade, o que permitiria o aproveitamento em benefício da economia do município. Além do poder público, especialistas e parte dos ex-funcionários também avaliam que a área (dotada de infra-estrutura, próxima ao centro da cidade e de frente à rodovia Washington Luiz) seria muito desvalorizada se fosse vendida em lotes.
“Vamos acabar com o sofrimento de centenas de famílias de Rio Claro pagando um preço justo pela área. Simultaneamente estamos à procura de empresas que buscam uma área extremamente nobre para investir”, afirma Nevoeiro Jr.

BR-800 – A fábrica da empresa funcionou em Rio Claro, entre 1988 e 1993. Durante este período, foram produzidos modelos clássicos como o BR-800, que obteve o benefício da redução fiscal sobre o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por ser o primeiro carro genuinamente brasileiro, um incentivo a produção interna.

Inicialmente, a Gurgel adotou o sistema de vendas em que a única forma de aquisição de um modelo, era comprando lotes de suas ações paralelamente. Apesar do preço elevado, a campanha foi bem aceita no mercado nacional, porque mesmo assim ainda era mais barato do que carros semelhantes. Tanto que no final de 1989, o seu ágio era de 100% pelas mais de 1.000 unidades já produzidas.

Mas em 1990, pressionado pelas multinacionais estrangeiras que consideravam o benefício ao Gurgel inadequado, o governo Fernando Collor (90-92) concedeu o mesmo benefício a todos os carros com motores menores a 1000 cilindradas. Assim, o Uno Mille foi lançado quase que instantaneamente, e em seguida, o Chevette Júnior e o Gol Mil. Com a concorrência de carros que produziam mais e eram comercializados a preços mais em conta, a fábrica pediu concordata.

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