(01/04/2007) – Na indústria automobilística hoje existe uma corrida pelos carros compactos, de menor custo. Mesmo os consumidores norte-americanos e europeus, que estavam acostumados a adquirir produtos de alto valor, estão voltando a aderir ao modelo básico, aquele que simplesmente serve para ir de um ponto a outro. E, para quem tem alto poder aquisitivo, os automóveis baratos são boas opções para segundo ou terceiro carro.
Estudo desenvolvido pela Roland Berger Strategy Consultants estima que, em 2012, serão vendidos no mundo 18 milhões de veículos básicos e baratos. Trata-se de um crescimento de quatro milhões de unidades nos próximos seis anos, o que tornará os segmentos A e B muito mais dinâmicos que todo o mercado automotivo mundial. “A categoria está se expandindo rapidamente e vai mudar todo o mercado”, afirma Wim van Acker, sócio da Roland Berger nos EUA e que foi responsável pelo setor automotivo no Brasil por vários anos.
“Até mesmo as pessoas com orçamento apertado terão mais opções em breve”, complementa Ralf Kalmbach, responsável pela consultoria automotiva da Roland Berger em Munique. De acordo com os consultores, mesmo na Alemanha, sede de grandes montadoras como Mercedes e BMW, há demanda para opções de baixo custo como o Dacia Logan, da francesa Renault.
Para George Freund, sócio da Roland Berger em São Paulo, diferentemente de experiências passadas que não tiveram sucesso, agora falamos de carros ao gosto do consumidor brasileiro, mas de menor custo de produção. “Preço baixo não significa um carro totalmente destituído de itens de conforto”, explica.
Estima-se que a venda de carros compactos no Brasil, em 2012, chegue a 1,5 mil unidades, pouco mais da metade do que será consumido na China no mesmo ano.
O recente aumento de renda da população é o que mais influi na crescente demanda dos países emergentes. China e Ãndia são os principais exemplos de países onde o número de pessoas que adquirem um carro pela primeira vez está crescendo vertiginosamente, de acordo com a evolução de suas riquezas. Com o crescente aumento do poder de compra, mais de 1,6 milhão de proprietários de motocicletas vão se tornar donos de automóveis por volta de 2012 e, segundo o estudo da Roland Berger, a maioria optará pela categoria de carros pequenos.
PROMESSAS E AMEAÇAS DO ORIENTE – As montadoras ao redor do mundo anseiam conquistar esse crescente mercado de consumidores interessados em comprar seu primeiro automóvel. Nesse cenário, os fabricantes locais estão no caminho certo, pois não estão apenas produzindo veículos baratos e de melhor qualidade para venda interna, estão é de olho nos EUA e Europa.
As empresas chinesas, por exemplo, estão investindo na melhoria de sua tecnologia e em escala de produção para competir globalmente. Ao expor seus modelos nos principais salões internacionais, deixam sua ambição bem às claras. E, embora tenham feito enorme progresso nos últimos anos, ainda levarão algum tempo até começar a construir carros que se equiparem aos padrões norte-americanos e europeus. Muitas estão revendo suas estratégias de produção de veículos de baixo custo para esses mercados, considerados maduros.
As grandes montadoras estão cientes da ameaça que vem dos países emergentes. Apesar da dificuldade de obter lucro com a comercialização de carros baratos, Toyota, Volkswagen e Renault já estão na dianteira, com a produção dos modelos Aygo, Fox e Logan, respectivamente.
O fato é que o segmento de baixo custo oferece às grandes montadoras excelentes oportunidades em mercados considerados mais maduros. E, de certa forma, estão um passo à frente das montadoras asiáticas.
Segundo a Roland Berger, a estrada para o sucesso não será fácil. As empresas precisam fazer uma análise completamente diferenciada, bem como rever seus processos de produção, se quiserem lucrar nesse segmento.