(21/11/2021) – Pelo menos até meados de 2022, a escassez de semicondutores que começou com a pandemia de covid-19 prosseguirá afetando a indústria e os consumidores, com reflexos também no preço dos insumos e dos produtos eletroeletrônicos.
A avaliação é de Rogério Nunes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), segundo quem a pandemia não só fez aumentar a demanda por produtos de informação e comunicação, como ao mesmo tempo provocou a interrupção de várias cadeias produtivas desse insumo.
“E esse setor é lento no retorno à produção. Demora alguns meses em função da sua característica de manufatura”, explica Nunes.
O executivo acrescenta que uma melhor coordenação entre as empresas da cadeia, reunindo tanto os produtores como os demandantes, talvez pudesse ter mitigado o problema.
“Mas este tipo de coordenação é muito difícil, dado que desta cadeia fazem parte empresas espalhadas ao redor do mundo inteiro”, afirma Nunes.
Um dos setores da indústria mais prejudicados é o automotivo. Recentemente, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, citou estudo que estima que entre 5 milhões e 7,5 milhões de carros não serão produzidos este ano no mundo e entre 250 mil a 280 mil no Brasil devido à falta do insumo, que ele acredita irá avançar 2022 adentro, “infelizmente”.
Outro setor que vem sendo bastante afetado é o de produção de telefones celulares. A redução da oferta de celulares pode chegar a 10%, principalmente em função do crescimento relativamente alto da demanda.
A excessiva concentração da manufatura de semicondutores na Ásia também vem atrapalhando a normalização do mercado. Taiwan produz 43% dos wafers (discos de silício] no mundo, e a Coreia outros 21%. Ou seja, ambos os países respondem pela produção de quase 65% das memórias no mundo, e estão sendo mais ou menos estrangulados pela demanda excessiva às suas fábricas.
Atentos a esta questão, vários países da Europa e os Estados Unidos, segundo o presidente da Abisemi, já começaram a lançar incentivos para atrair manufaturas de semicondutores para os seus territórios.