(03/10/2021) – Quem acompanha o Linkedin deve ter visto na última semana postagens de profissionais do mercado de ferramentas de corte se despedindo da Lamina Technologies. Lá estavam posts de ex-funcionários da empresa no Brasil e na Suíça. O que estaria acontecendo com a empresa, fundada em 2001, e que conquistou rápido destaque no mercado internacional com o conceito Multi-Mat, de ferramentas multimateriais?
Pelo que pudemos apurar (praticamente não existem notícias sobre o caso na Internet), ocorreu uma divergência entre os novos proprietários da empresa – que foi adquirida em 2020 pelo fundo de investimentos alemão Triton – e os antigos acionistas. O caso foi parar na Justiça e a empresa encontra-se em moratória, com a paralisação das atividades em Yverdon-Les-Bains, onde está a sede da companhia.
“A empresa está em um processo de moratória. No momento ainda não existe decisão sobre encerrar ou continuar as operações. Difícil dizer quanto tempo ainda demora para haver uma decisão, uma vez que a empresa não tem controle sobre os prazos deste procedimento”, nos informou uma fonte na Suíça.
Outra fonte, esta aqui do Brasil, nos enviou uma print de um jornal local, o La Région, que traz em sua capa a manchete “Soupçons de malversations” (Suspeita de malversação), com o subtítulo informando que a empresa está “em grande dificuldade, praticamente falida”. Já o título da reportagem, nas páginas 2 e 3 da publicação, é “Lamina Technologies vit ses dernières heures”, ou “Lamina Technologies vive suas últimas horas”.
A reportagem informa que um relatório apresentado por bancos credores ao tribunal dá conta que a empresa não possui recursos para cumprir com seus compromissos. “Esse desastre pode ser o resultado de mau gerenciamento. Pelo menos é esse o sentimento do proprietário (Triton), que entrou com ação criminal contra os ex-executivos”, publicou o La Région.
O jornal, porém, não deixa claro os motivos da ação. Nossa reportagem apurou que os atuais proprietários teriam se deparado com dívidas não informadas durante as negociações realizadas no ano passado, quando da aquisição da maioria das ações da empresa. Seria, portanto, resultado de uma maquiagem contábil.
No Brasil, a filial foi surpreendida com a suspensão dos embarques de ferramentas há cerca de dois meses. Em agosto e setembro, a empresa teria operado apenas com o estoque local e todos os funcionários foram desligados ao longo desse período. Ao que consta, a filial não deixa dívidas tributárias ou trabalhistas. No dia 1º de outubro, o diretor da filial, Denilson Misiti, alterou seu perfil no Linkedin para General Manager da Mapal Hiteco do Brasil, joint venture do grupo alemão com a sul-coreana Hiteco, que está prestes a iniciar suas operações no Brasil.