(24/01/2021) – Um teste rápido para Covid-19, de menor custo (cerca de R$ 30,00), foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. O dispositivo – criado para facilitar a testagem em massa no Brasil – será capaz de revelar se pessoas vacinadas apresentam anticorpos. Ele permitirá, ainda, o rastreamento de imunidade de variantes do vírus.
O “Teste Popular de Covid-19” é feito por meio de análise de uma gota de sangue retirada do paciente. A estratégia empregada para baratear sua produção foi otimizar a quantidade de insumos do material e utilizar nanopartículas para a localização dos anticorpos. Desenvolvidas no IQSC, essas nanopartículas possuem uma molécula sonda, que fica na cor vermelha quando entra em contato com algum anticorpo. A molécula foi obtida em parceria com a BioLinker, empresa brasileira de biotecnologia.
De acordo com a USP, o método é similar ao dos testes convencionais (que custam aproximadamente R$ 140,00) encontrados nas farmácias. Mais preciso e barato, o novo teste demanda menos reagente e pode ser produzido nacionalmente. Foram quatro meses desde o início do desenvolvimento, “tempo recorde”, segundo Frank Crespilho, professor do IQSC e coordenador da pesquisa. O objetivo é favorecer populações mais vulneráveis com a tecnologia.
“Temos de pensar na população brasileira, esse é o papel da USP. Todos os dias acordo feliz por ter o privilégio de coordenar uma equipe que está trabalhando incessantemente para produzir ciência de alto nível. A nossa ideia é que possamos fazer uma análise em massa da população, com um custo bem mais competitivo e viável para a nossa realidade econômica”, afirma Crespilho.
A doutoranda do IQSC, Karla Castro, pesquisadora da rede MeDiCo, que também participou do estudo, diz: “Estamos buscando inovar em aspectos tecnológicos que permitam a realização de testes de uma forma mais rápida, não perdendo sua seletividade e especificidade. O procedimento de testagem utilizado no Teste Popular de Covid-19 da USP é de fácil execução e não demanda estrutura laboratorial. Os testes já estão em fase de validações e, até o presente momento, a leitura e interpretação dos resultados são realizados em aproximadamente 10 minutos”.
Mona Oliveira, chefe científica e fundadora da BioLinker, empresa parceira no estudo, diz que será possível, baseando-se neste primeiro resultado, desenvolver novas moléculas específicas e produzir os insumos biotecnológicos de forma rápida, com baixo custo e alta performance. “Nosso objetivo é viabilizar a aplicação de testagem em massa. O grupo do professor Frank Crespilho é referência internacional em desenvolvimento de biossensores e nosso colaborador em projetos de pesquisa aplicada e inovação. Com a pandemia, vimos uma excelente oportunidade em participar do desenvolvimento dos bioligantes (moléculas sondas) para detecção de anticorpos do coronavírus”, finaliza Oliveira.
O teste já está pronto para produção em larga escala e passará, em breve, pela regulamentação da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A expectativa é de que o produto esteja disponível para comercialização em até dois meses.
A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).