São Paulo, 05 de dezembro de 2025

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17/08/2019

Clássicos da Usinagem – A arte de cortar metais – F.W.Taylor (3)

(*) Marcelo Acacio de Luca Rodrigues

(11/08/2019) – Assim como foi explicado no início desta resenha, ocorrem mudanças súbitas no assunto de um parágrafo para outro, mas sempre dentro do contexto. No parágrafo 85, Taylor retoma a importância da velocidade de corte e da variável que mais tem influência sobre a velocidade de corte que é o avanço.

E como é certo, seja com Taylor ou não, a área de corte é uma consequência do avanço e do ângulo de posição. Taylor não descreve a importância deste segundo aspecto, mas deixa certo em seu texto que a pressão exercida sobre a superfície da ferramenta pelo cavaco tem menos influencia que a influência exclusiva do avanço.

Nós sabemos que, na definição da área de contato entre ferramenta e peça, a decomposição da força de corte exercida sobre a área de contato se torna a pressão de corte. Não se discute neste momento se esta área é real ou aparente, que é assunto da tribologia investigada décadas após Taylor, mas apenas a relação direta no qual a pressão é a decomposição da força sobre a área, e que esta área é o produto do avanço pela profundidade de corte. Taylor é claro a partir do parágrafo 85 que se deve investigar a influência do avanço e depois a influência da profundidade na velocidade de corte, pois em escala de importância, a profundidade tem menor peso quando comparado com o avanço.

No parágrafo 92, Taylor conclui que parece não existir alguma relação traçável entre a tal pressão exercida pelo cavaco e a velocidade de corte. Por outro lado, uma questionável relação entre dureza da peça e pressão sobre a superfície da ferramenta.

Logo na sequência da discussão sobre pressão, surge comentário sobre a influência do calor sobre o desgaste e a deformação da ferramenta de corte. E seu estudo considera que o calor irá crescer diretamente em proporção a três elementos:

a) – Intensidade da pressão do cavaco sobre a ferramenta

b) – A velocidade de deslizamento no qual o cavaco desliza sobre a ponta de ferramenta

c) – O coeficiente de atrito entre a ferramenta e o cavaco

E logo na sequência de sua breve discussão sobre o calor, Taylor assume novamente o fracasso em relacionar pressão do cavaco e a velocidade de corte.

No parágrafo 95, Taylor deixa claro um aspecto muito curioso de seu texto que é um caso de ingerência de um jovem pesquisador em relação às diretrizes da investigação. Ele é questionado sobre a validade de continuar os testes sobre a pressão em relação à velocidade de corte, que, para Taylor, já havia mais validade. O recém-contratado decide levar o caso à alta administração que o certifica da confiança no trabalho em geral, mas o próprio Taylor se dispõe a medir os valores para que o pesquisador recém-contratado publique os resultados. O texto não deixa claro o exato desfecho do caso, mas as publicações com os experimentos propostos pelo jovem pesquisador nunca existiram.

Apesar do assumido fracasso, Taylor segue realizando experimentos que expliquem a relação entre pressão do cavaco sobre a ferramenta de corte e a velocidade de corte, mas passa a considerar, muito próximo do final do texto na parte 1, que esta relação seria sem utilidade no planejamento diário do processo de usinagem. Com base neste pensamento, procura reduzir os esforços em investigar esta relação e aconselha os demais pesquisadores para que se concentrem em investigar relações entre variáveis mais úteis e de controle direto no processo.

E como citamos anteriormente sobre as mudanças de assunto entre os parágrafos, a partir do 105 é possível realmente considerar que o texto é um marco para a aplicação dos aços de alto teor de elementos de liga, seguidos de tratamento térmico específico. E doravante é possível considerar na industrialização por usinagem que as velocidades de corte se tornam elevadas em relação ao padrão da época e o termo aços de alta velocidade ou “aços rápidos” torna-se uma realidade.

Mais um caso curioso é apresentado no texto quando Taylor, após escolher um determinado aço que deveria ser aplicado como padrão para as ferramentas de corte, realiza uma exposição fracassada frente aos profissionais de uma das empresas onde diversas investigações foram realizadas. Ele havia definido uma composição de aço que teria sido superaquecido durante sua têmpera. Com isto, mesmo sob velocidades mais baixas, não foi possível obter o rendimento adequado no que se refere à vida da ferramenta. Entretanto, confiante na influência do tratamento térmico sob o aço alta liga, ou “aço rápido”, Taylor passa a investigar não somente a influência do primeiro ciclo de têmpera, mas também a possibilidade de uma “retêmpera” para recondicionar a ferramenta de corte danificada ao longo da usinagem.

E, ao longo das investigações sobre a influência da temperatura da têmpera, tornou-se possível com a grande quantidade de experimentos que houve um aumento de vida sob temperaturas mais elevadas, quando comparado com um patamar anterior de menor temperatura… Passa então a existir uma leitura do efeito de dureza de segunda fase, condição que melhora o desempenho do aço rápido ao operar sob temperaturas mais elevadas e não sob patamar médio no qual a segunda fase de dureza não é obtida.


(*) Marcelo Acacio de Luca Rodrigues é engenheiro mecânico, doutor em engenharia mecânica, licenciado em filosofia, microempresario e professor universitário.

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