(*) Marcelo Acacio de Luca Rodrigues
(11/08/2019) – Uma situação interessante da posição de pesquisador de Taylor é que, mesmo após desenvolver centenas de observações em usinagem, as conclusões e leis formuladas são consideradas como resultados específicos deste universo experimental, e que outros pesquisadores tem a possibilidade de chegar aos mesmos resultados. Taylor considera o resultado local e particular. De maneira organizada cronologicamente, os parágrafos 33 a 50 apresentam de maneira reduzida parte das conclusões de observações de diversos ensaios em usinagem. Seguem algumas conclusões de Taylor:
A – A ferramenta de corte com raio de ponta oferece maior vida que ferramentas com ponta sem raio de concordância
B – Alto avanço e baixa velocidade de corte resultam em maior vida que a situação oposta
C – Refrigeração em jato constante com alto fluxo aumenta a vida da ferramenta e que fluxos reduzidos são inadequados
D – Quão maior a espessura de corte, menor deve ser a velocidade de corte
(…)
M – Em 1886, uma demonstração experimental ensinou que a espessura do cavaco possui maior influência na velocidade de corte que qualquer outro elemento, salientando novamente conclusões anteriores de que é melhor utilizar alto avanço e baixa velocidade de corte que o contrário.
N – O uso de aços autoendurecíveis em substituição a aços somente temperados como material da ferramenta de corte
O – O uso de refrigeração em ferramentas autoendurecíveis permitiu o aumento da vida, porém os fabricantes das ferramentas não aconselham o uso de refrigeração
Q – Ferramentas de aço-cromo-tungstênio, quando aquecidas até próximo da fusão, permitem aumento significativo do total de cavaco removido… (pode-se considerar tais conclusões como a fundação do aço rápido em escala industrial para ferramentas de corte)
R – É construída uma primeira versão da “Régua de cálculo”
S – Refrigeração aumenta a vida da ferramenta na usinagem de ferro fundido
T – Em 1906, a adição de vanádio no aço-cromo-tungstênio aumenta a dureza a quente e a vida ao desgaste, além do aumento da velocidade de corte
Taylor ao longo do texto, por mais de uma vez, considera possível o pagamento por produtividade ao invés do pagamento por jornada. E fica claro para ele a diferença que deve ser feita para recompensar o trabalho que foi feito mais rápido, quando comparado com esta mesma tarefa realizada mais devagar. Ele acredita em uma espécie de “bônus” por produtividade. E desta forma a régua de cálculo se torna uma forma de previsão no gerenciamento. O controle do tempo baseado na experiência perde força em relação ao caráter provisional do uso da régua de cálculo.
No parágrafo 53, Taylor expressa a dificuldade em se encontrar uma formulação matemática que resulte com boa precisão na régua de cálculo. Sejam as dificuldades expressas por Taylor:
Primeiro – Encontrar uma simples fórmula matemática que expresse com precisão confiável o efeito de cada variável sobre a velocidade de corte.
Segundo – Encontrar um método fácil para aplicar esta fórmula.
O leitor não pode se esquecer que a formulação de Taylor para construir uma régua de cálculo considera as doze variáveis citadas anteriormente.
E da mesma forma que Taylor é respeitado pela análise científica do método de trabalho, no parágrafo 55 o autor deixa claro a importância de observar o efeito de uma variável por vez. Além disso, por ser um integrador de soluções, a sua parcela de experimentalista também descreveu em seu texto as possíveis fontes de erros experimentais, divididos em:
a) – A adoção de padrões errados ou inadequados para medir o efeito de uma variável sobre a velocidade de corte
b) – Fracasso em manter verdadeiramente constante uma variável que foi considerada fixa, tão logo esta deve ser constante durante o desenvolvimento da investigação
c) – A omissão ou falta de cuidado na precaução que deve ser tomada para garantir precisão ou falhar em registrar algum resultado direto ou indireto do fenômeno considerado como “menos importante” no momento de sua ocorrência, mas que se provou importante e essencial para o entendimento dos fatos.
Após explicar sobre o método de investigar, Taylor – na segunda metade da parte 1 – procurou apresentar o método científico que garanta confiabilidade aos resultados medidos. Ele apresenta critérios estabelecidos para o desenvolvimento de experimentos. E de maneira prática, Taylor estabelece para o limite em tempo para a vida útil de uma ferramenta de corte em 20 minutos. É o primeiro momento no texto em que um valor específico de critério é apresentado. Em resultados práticos, pode ser muito ou pouco para as diferentes realidades, porém, o principal não é o valor, mas sim a ideia de critério. E, após isto, Taylor enfatiza a necessidade de se alterar uma variável por vez.
No parágrafo 70, Taylor apresenta uma relação de erros experimentais aprendidos pelos pesquisadores, sendo estes:
i – Tempo de vida medido erroneamente
ii – Mudança de tonalidade da ferramenta como padrão de medição
No parágrafo 76, Taylor descreve uma espécie de recomendação àqueles que desejam fazer experimentos científicos em qualquer campo. Em primeiro lugar, deve-se identificar todas as variáveis/ elementos pelos quais resultados práticos podem ser esperados, e depois selecionar os mais simples e elementares destes elementos para investigar e, somente após isto, investigar os elementos mais complicados.
Uma situação interessante ocorre no parágrafo 84 quando Taylor questiona os resultados de outros pesquisadores para formar um padrão ou para dedução de alguma formulação matemática. Taylor é direto em questionar os resultados produzidos por pesquisadores industriais de Manchester, Inglaterra, assim como ele, e também por cientistas na Alemanha, pois:
(1) – A forma da ferramenta não foi mantida constante nos ensaios
(2) – A qualidade do aço variou ao longo dos ensaios
(3) – O tratamento térmico foi negligenciado
(4) – A profundidade de corte não foi definidamente constante
(5) – Houve variação não prevista na peça forjada e fundida
(*) Marcelo Acacio de Luca Rodrigues é engenheiro mecânico, doutor em engenharia mecânica, licenciado em filosofia, microempresario e professor universitário.
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