(24/03/2019) – Uma comitiva de 12 representantes de ferramentarias nacionais, a maioria de Caxias do Sul, foi à China conhecer, tentar entender os motivos da rápida evolução dos chineses no segmento de moldes e matrizes e trazer para o Brasil ideias que possam promover um salto de qualidade e produtividade na produção nacional.
A iniciativa é de Cristian Pavan, diretor da Eurostec, importadora e distribuidora de máquinas-ferramenta e injetoras com sede em Caxias do Sul, com o objetivo de buscar atualização tecnológica e aproximação das empresas nacionais com as ferramentarias chinesas que, em sua opinião, estão se tornando referência mundial.
De acordo com Pavan, ao longo dos últimos anos, o setor ferramenteiro de Caxias do Sul sofreu diversas baixas, provocadas pela crise econômica, o aumento da concorrência interna, a defasagem tecnológica, além da concorrência chinesa. “Isto fez Caxias perder muito da sua influência e representatividade no setor de ferramentarias e matrizarias no Brasil”, afirma, destacando que o interesse em participar da comitiva (a empresa já teria uma lista de espera de 20 participantes para uma próxima viagem) mostra a preocupação dos empresários em buscar inovação e atualização.
A visita ocorreu entre os dias 10 e 22 de março de 2019 e a programação envolveu a visita a 15 ferramentarias chinesas. Entre elas, a Huawei, segundo Pavan, a maior ferramentaria do mundo, com capacidade para a produção de 1.800 moldes/ano, em média de 20 a 40 toneladas, com capacidade máxima para moldes de 50 t. A Huawei possui duas plantas fabris, totalizando 200 mil m² de área construída (80 mil e 120 mil m²). Um terceira unidade, que está em construção, irá dobrar a sua área fabril da empresa, com mais 200 mil m².
“Detalhe, a empresa foi fundada há apenas 16 anos, é de capital privado (estivemos com o próprio dono), conta com 1.500 funcionários e um parque fabril simplesmente inacreditável, localizado em Changzhou”, observa Pavan, frisando que as visitas ao interior das matrizarias não são permitidas. “Por isso, nosso grupo foi privilegiado. Durante três meses nós ficamos negociando esta visita”.
Também foram visitadas outras matrizarias que estão entre as top 10 da China, entre elas fabricantes de moldes para o setor automotivo, linha branca, área médica e utilidades domésticas. “Estivemos diversas empresas que já estão com diversas células e áreas de usinagem totalmente inseridas na indústria 4.0, principalmente na preparação, usinagem e medição de eletrodos para eletroerosão, todas interligadas e conectadas”.
O grupo também visitou a Gree, maior fabricante de ar-condicionado do mundo, onde puderam conhecer a matrizaria e algumas das suas plantas de injeção de plástico. “Hoje, a Gree possui mais de 3500 injetoras trabalhando, espalhadas em 13 diferentes plantas, com 80% das plantas totalmente automatizadas. E um detalhe: foi fundada em 1992”.
O grupo também esteve na planta da Volkswagen-Faw, responsável pela montagem da linha Audi e que está iniciando a montagem dos carros elétricos da VW. “Trata-se de uma das plantas do Grupo VW mais automatizadas e a de maior área fabril”, diz.
“A ideia de vir pra cá foi mostrar para nossos clientes diferentes maneiras de pensar. Quais os tipos de modelos de máquina que estas empresas – que estão muito a nossa frente – estão implementando, ver as inovações… Saber quais sistemas de medição e de redução de setup estão utilizando, quais as máquinas mais funcionais, produtivas e eficientes, com menor intervenção manual. Tudo isso para potencializar a capacidade de produção de moldes”, acrescenta Pavan, destacando que “o resultado foi muito além do esperado, mas que ao mesmo tempo mostra o quanto nós temos que evoluir e quanto caminho ainda temos a percorrer”.
