São Paulo, 20 de abril de 2024

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16/03/2019

Acordo com Boeing será positivo para os fornecedores da Embraer?


(17/03/2019) – No final de fevereiro, a maioria dos acionistas aprovou o acordo da Embraer com a Boeing, que prevê, entre outros pontos, a venda de 80% da divisão de aviação comercial da empresa brasileira à norte-americana. Este é um dos últimos capítulos da negociação, que ainda precisa de aprovação das autoridades regulatórias.

O acordo é motivo de preocupação para sindicatos de várias categorias profissionais e de funcionários da empresa e terceirizados. Para alguns, a venda representa a perda de conhecimento que levou anos e milhões em investimentos para ser obtido. Outros apontam o risco de a Boeing – que terá maioria (80%) das ações na joint venture – a qualquer momento transferir a produção para os EUA.

Mas esta parece não ser uma preocupação dos fornecedores locais da Embraer. Ao contrário, estes estariam até ansiosos pelo desfecho do processo. “Os fornecedores estão otimistas em razão desta união, na medida em que acreditam que esta irá mitigar os riscos de a Embraer perder mercado (em função da joint venture formada entre a Airbus e Bombardier, sua concorrente direta) e também porque o acordo fortalece a empresa, na medida em que traz recursos para a Embraer”, observa José Velloso, presidente-executivo da Abimaq. “Outro lado positivo é que os fornecedores locais passam a ter a oportunidade de se tornarem fornecedores globais, o que é uma boa notícia”.

A Embraer emprega hoje cerca de 13 mil funcionários. Os indiretos somam cerca de 11 mil pessoas, aí incluidos os trabalhadores de empresas de serviços, como segurança e limpeza. A cadeia produtiva local é formada por cerca de 70 empresas, quase metade delas formada por prestadores de serviços de usinagem, em grande parte da região de São José dos Campos, onde está a sede da empresa, e integrantes do CSDAER – Câmara Setorial de Máquinas, Equipamentos e Componentes do Setor de Defesa e Aeroespacial, da Abimaq.

José Wilmar de Mello, presidente do CSDAER e CEO Thyssen Automata Aerospace, um dos fornecedores da Embraer, explica que um dos motivos do otimismo dos fornecedores é que o mercado aeronáutico está aquecido no Exterior e não é de hoje. Para exemplificar, lembra que a Boeing subiu recentemente a produção do 737 Max (infelizmente, o modelo do avião que caiu na Etiópia, dias atrás) de 52 para 57 unidades por mês. “E este é apenas um dos modelos fabricados pela Boeing”, destaca, lembrando que a Embraer produziu apenas 90 aviões em todo o ano de 2018.

Na visão do executivo, a Boeing deve ampliar a produção da Embraer, processo semelhante ao ocorrido com a Bombardier após a joint venture com a Airbus. Além disso, o custo dos aviões da Embraer também deve cair e o preço se tornar mais atrativo, já que o poder/volume de compra de materiais da Boeing é muito maior.

Entrave – Para Mello, a possibilidade de os fornecedores da Embraer se tornarem globais é real, já que existe demanda no mercado externo. O grande entrave, porém, está na compra de matérias-primas, que não são produzidas no País. As dificuldades de se importar no Brasil são conhecidas, com destaque para a elevada carga tributária brasileira. “Os concorrentes internacionais têm maior facilidade para adquirir matérias-primas para o setor aeronáutico (alumínios especiais, aços inoxidáveis, ligas de níquel, além de titânio e compósitos). Atualmente, é a Embraer quem importa e repassa aos seus fornecedores todas as matérias-primas empregadas em seus produtos”, informa.

De acordo com Mello, resolver esta questão é hoje um dos focos dos associados do CSDAER, assim como dos integrantes do cluster aeronáutico de São José dos Campos. “Temos atuado no sentido de buscar uma saída para essa questão, trabalhando junto à Abimaq e à frente parlamentar do setor com o objetivo de encontrarmos uma forma de comprar as matérias-primas nas mesmas condições que nossos concorrentes internacionais”.

Novos Desafios – A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) também considera que o acordo Boeing-Embraer “uma oportunidade para o fortalecimento da cadeia de fornecedores, posicionando as nossas empresas de forma mais competitiva no mercado global”, como avaliou seu presidente, Guto Ferreira, no ano passado, quando do lançamento, em conjunto com a Embraer, da nova fase do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Aeronáutica (PDCA).

Segundo Ferreira, o acordo reforça a necessidade de qualificação de toda a cadeia de fornecedores da Embraer, diante do desafio de participar do mercado global de aviação. “Com a criação da joint venture entre Boeing e Embraer, a cadeia aeronáutica nacional precisa estar preparada para novos desafios tecnológicos”.

De acordo com a ABDI, na primeira fase do programa, iniciada em 2014, o PDCA contribuiu para o desenvolvimento de melhorias nas empresas participantes da cadeia de fornecedores da Embraer, impactando na produtividade e na inovação de processos e produtos. Entre 2014 e 2017, o número de partnumbers (partes e peças) produzidas no Brasil passou de 43 mil para 68 mil, reduzindo a dependência de importações. Da mesma forma, houve aumento no faturamento da cadeia, passando de R$ 303 milhões, em 2013, para R$ 402 milhões em 2017.

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