(21/10/2018) – O Instituto Senai de Inovação em Sistemas de Manufatura de Santa Catarina depositou pedido de patente de robô de pintura em grandes superfícies. Desenvolvido para a Petrobras, o sistema automatizado permite a pintura de áreas planas e verticais, como cascos de navios e plataformas, com autonomia de até 11 horas de processo e de 2.250 m² de área.
Segundo os responsáveis pelo projeto, a tecnologia é única. Não há registros de outros robôs com as mesmas características no mundo para essa tarefa. Entre as vantagens do robô está o fim de acidentes de trabalho, uma vez que a atuação humana não estará mais em pintar a superfície, mas em passar as informações necessárias para o equipamento executar o serviço. Também é mais ágil e econômico, já que reduz a perda de tinta graças à automatização do processo.
“A pintura em andaimes feita nas plataformas custa tempo, dinheiro e gera risco para o trabalhador. Por isso, a Petrobras resolveu desenvolver o sistema com o Senai”, relata Byron Gonçalves de Souza Filho, gerente de tecnologia de fabricação, construção e montagem da Petrobras.
Projeto lançado em 2013, a rede de Institutos Senai de Inovação – no total de 25 unidades espalhadas pelo País – já coleciona alguns desenvolvimentos importantes, alguns deles no campo da Indústria 4.0. São os casos do robô autônomo para a inspeção de dutos de petróleo, embalagens inteligentes e do primeiro nanosatélite brasileiro.
“O país terá uma indústria mais competitiva se abraçar a quarta revolução industrial, é um movimento inevitável”, afirma o gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do Senai, Marcelo Prim. “Temos de desenvolver tecnologia brasileira e a inovação é essencial para aceleramos essa transformação”.

ROBÔ AUTÔNOMO – Um dos primeiros desenvolvimentos de destaque no interior dos Institutos Senai de Inovação foi o Flatfish, robô submarino autônomo que será usado na inspeção de dutos de petróleo em águas profundas.
Com o Flatfish é possível reduzir custos de missões de supervisão, que envolvem o envio a alto mar de grandes equipes e chegam a custar US$ 500 mil por dia. O equipamento foi desenvolvido em parceria pelo Senai Cimatec, em Salvador, a Shell e o instituto alemão de inteligência artificial DFKI. O Senai agora apoia a empresa italiana Saipem, que irá comercializar o robô.
EMBALAGENS INTELIGENTES – A inovação também é decisiva na indústria automobilística, que investe alto em embalagens retornáveis para transporte de peças. Montadoras chegam a ter 400 mil recipientes especiais.
O maior problema é que muitos se perdem no caminho entre a fábrica e o fornecedor. Por isso, a empresa Reciclapac desenvolveu, em parceria com dois centros de inovação do Senai, uma plataforma que utiliza internet das coisas para gerenciamento dessas embalagens em tempo real. Além de indicar a localização precisa do produto, o sistema consegue apontar características como temperatura e umidade.
Além de reduzir em até 30% os custos para a indústria, a plataforma inovadora promete alavancar a Reciclapac. A empresa dobrou a equipe para atender os novos clientes, como a General Motors. Além disso, a estimativa de seu presidente-executivo, Rogério Junqueira Machado, é que o faturamento irá crescer cinco vezes com o novo produto. “As empresas que saírem na frente na indústria 4.0 vão ter um ganho competitivo. Quem demorar muito, corre riscos até na sua existência”, avalia ele.
NANOTECNOLOGIA – O Brasil também lança, até 2020, o primeiro nanosatélite nacional de alta resolução espacial. O equipamento é desenvolvido pelo Senai com a Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture entre a Embraer Defesa e Segurança e a Telebras, e está em fase de revisão da melhor arquitetura do modelo. “Os satélites que o Brasil coloca em órbita são grandes e pesados, cerca de 400 kg. O que vamos colocar em órbita pesa 10 kg, tem 5% do custo e faz, praticamente, a mesma missão”, destaca o diretor do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, André Pierre Mattei.
O satélite vai coletar imagens e informações que poderão ser usadas para o agronegócio e o meio ambiente, por exemplo. O diretor-presidente da Visiona, João Paulo Rodrigues Campos, enumera as inovações que o nanosatélite vai possibilitar: o primeiro é o teste de um sistema de navegação e controle de alto desempenho desenvolvido no Brasil. Além disso, ele vai permitir testar designs que depois podem ser usados em exemplares maiores, assim como vai ajudar no domínio da capacidade de programar o sistema de dados. O nanosatélite terá um software flexível que permitirá mudar a missão dele ainda em órbita. “Esse protótipo vai permitir validar tecnologias que a Visiona vem desenvolvendo para o programa espacial”, complementa.
(*Com informações da Agência CNI de Notícias)