São Paulo, 29 de março de 2024

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21/11/2020

Brasil precisa de política industrial, dizem especialistas


(22/11/2020) – A rápida transformação da China numa potência industrial e tecnológica tem feito com que os países ocidentais mais desenvolvidos revejam sua posição quanto à importância de ser ter uma política industrial. Infelizmente não é isso o que ocorre no Brasil, ainda assombrado por algumas práticas ineficientes do passado.

Este foi um dos pontos abordados no painel “Política Industrial: Uma agenda para indústria brasileira no século XXI”, realizado no dia 17 de novembro durante o ENAI 2020 – Encontro Nacional da Indústria. Na ocasião, o moderador João Emílio Gonçalves, gerente-executivo de Política Industrial da CNI, argumentou que o Brasil ainda tem uma longa jornada em relação a implantação de políticas industriais.

De acordo com Gonçalves, as políticas industriais modernas olham para o futuro com foco na criação de competências, aumento de produtividade e promoção de mudanças estruturais. “É preciso abandonar a ideia de que as políticas industriais se resumem a pacotes de serviços que dão respaldo para empresas ineficientes”, disse. Para ele, as políticas dedicadas ao segmento industrial são parte de uma agenda maior, de competitividade, que deve ser contemplada por outras duas agendas: a de reformas estruturais e a macroeconômica.

O executivo da CNI afirmou que neste momento, de retomada da economia, uma política industrial moderna, pragmática, que reconheça os erros do passado e olhe para o futuro, será fundamental para promover o avanço da indústria nacional. “Isso nos leva a dois grandes temas: a importância da indústria na economia do século XXI e a importância da política industrial no contexto atual”, pontuou.

Celeiro Tecnológico – Já Paulo Gala, economista e professor da FGV, disse que gosta de pensar a indústria como o coração de aprendizado da economia. “É o lugar onde as grandes inovações e o aprendizado produtivo acontecem. Quando a gente fala de inovações, 99% das vezes elas ocorrem no setor industrial, que é o grande produtor de tecnologia para a economia. Ele é o grande celeiro tecnológico da economia”, disse. Ele também destacou a área de serviços, como o de TI, que estão muito avançados e são difundidos pela indústria.

Sobre a necessidade de implantação de uma política industrial, Gala salientou que, como país emergente, a corrida industrial acontece de maneira muito assimétrica para o Brasil. Segundo ele, “é ilusão achar que estamos competindo com grandes empresas do mundo em um plano de jogo equilibrado”, já que essas economias são detentoras de tecnologias, marcas, patentes, processos produtivos etc. Além disso, o mercado se mostra bastante concentrado, em países como Alemanha, Japão, Canadá, Estados Unidos, China, Coreia e alguns países nórdicos: “É um mercado bastante concentrado e desigual para o Brasil, o que é da natureza do sistema de mercado. Por isso, o desafio do Brasil é ganhar espaço nestes mercados que estão concentrados e daí vem a importância de se ter uma política industrial”.

Para Gala, a política industrial atua como uma alavanca que os países usam para ajudar as suas empresas a ganharem espaço no mercado internacional. “Os países asiáticos utilizam ferramentas públicas para fomentar inovação, subsídios, tarifas, financiamentos, entre outras medidas, que são vistas como investimentos da sociedade nas empresas”, explicou. Conforme afirmado pelo economista, os países ricos estão investindo em políticas industriais por conta dos avanços das fronteiras tecnológicas e, neste contexto, o Brasil se encontra em uma posição difícil: “Achar que isso pode acontecer somente com apoio da iniciativa privada é não conseguir chegar lá”, argumentou.

Política para Alavancar a Indústria – José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico), iniciou sua fala mencionando que, embora o Brasil represente 2,1% do PIB mundial, o país detém apenas 1,2% da produção global da indústria de transformação e 0,82% das exportações mundiais de produtos industrializados. Estes números, segundo ele, além de mostrar o potencial de crescimento da indústria, mostram também um grande potencial de geração de empregos, fator crucial para o aumento da renda per capita.

“Se o Brasil aumentasse as exportações e sua participação no PIB mundial, nós estaríamos criando empregos de qualidade. O Brasil tem muito a crescer se agregar cada vez mais valor à sua indústria”, disse. Roriz também destacou que o país poderia exportar produtos de maior valor agregado, o que aumentaria a competitividade no mercado interno: “Quem tem competitividade para exportar também consegue se posicionar em relação à chegada de produtos estrangeiros”.

De acordo com o presidente da Abiplast, a maioria dos países percebeu a importância da indústria e, também, de incorporar tecnologias digitais em seus processos produtivos. “Enquanto isso, no Brasil, apesar do crescimento da produção, o cenário é de desabastecimento, porque a indústria local não conseguiu atender a demanda”, ressaltou. A falta de máquinas, materiais e insumos aumentaram o índice de importação no setor industrial, refletindo na balança comercial nacional. “Precisamos de uma política que alavanque a indústria”, declarou.

Roriz explicou que economia brasileira passou por uma recessão muito forte, com grande impacto para a indústria. “Enquanto isso, muitos países vinham em ascensão e, percebendo a importância do crescimento industrial, implantaram políticas para aumentar a participação da indústria no PIB. No Brasil, muitas empresas deixaram de incorporar tecnologias 4.0, pois estiveram, durante quatro ou cinco anos, procurando sobrevivência financeira”. O desafio para o futuro, colocado pelo presidente da Abiplast, seria a sofisticação do parque nacional brasileiro, o que se torna um problema pela ausência de políticas industriais.

Brasil em Desvantagem – O professor da FGV, Paulo Gala, afirmou que a agenda básica do governo coloca o Brasil em desvantagem em relação aos competidores do mercado e que recuperar o entendimento sobre política industrial é uma grande batalha a ser vencida no Brasil. Ele também fez a seguinte observação: “O mundo acordou em relação à importância das políticas industriais, sobretudo os países ricos ocidentais, graças à China. No Brasil não conseguimos evoluir”.

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