São Paulo, 18 de abril de 2024

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04/04/2020

Rede 5G vai otimizar sistemas produtivos industriais

(05/04/2020) – A tecnologia 5G já é uma realidade e, em um futuro próximo, deve modificar completamente os sistemas de produção fabris. Entre as vantagens da quinta geração de redes móveis se destacam a velocidade de download (até 10 GB por segundo), segurança e estabilidade. A baixa latência será o grande diferencial das redes de quinta geração, que serão capazes de transmitir dados quase que instantaneamente (milissegundos).

Em 17 de fevereiro, a Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações abriu a Consulta Pública n° 9, sobre o Edital de Licitação relacionado ao leilão das faixas de radiofrequências para a implementação da tecnologia 5G no Brasil. A consulta está aberta (prazo de 45 dias) para sugestões sobre as regras do certame, que acontecerá em 2021 e autorizará o uso e radiofrequência nas faixas de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. O leilão é um dos mais aguardados pelo setor de telecomunicações e deve movimentar mais de R$ 20 bilhões.

O Usinagem-Brasil conversou com associações do setor de bens de capital – Abimaq e Abimei – e com as empresas Huawei (multinacional de equipamentos para redes e telecomunicações) e Siemens (provedora de soluções para áreas como indústria, energia e saúde) para entender como será esse salto tecnológico e de que forma a indústria se beneficiará com a chegada das redes de quinta geração no Brasil.

Impactos e benefícios na indústria – A implantação do 5G trará mais estabilidade e velocidade em relação à rede 4G, utilizada atualmente. Para a indústria de manufatura, a adoção desta tecnologia significa ampliar a quarta revolução industrial (automação, conexão e inteligência das fábricas) e levar a produtividade para outros patamares. A integração entre sistemas digitais – IoT, cloud computing, analytics, machine learning etc. – poderá aumentar a produtividade a níveis jamais alcançados. Portanto, é possível afirmar que o futuro da indústria manufatureira está baseado na geração, integração e análise de dados.

O diretor de soluções integradas da Huawei Brasil, Carlos Roseiro, aponta que, no que se refere à indústria, os principais benefícios da implementação do 5G são: manutenção preventiva, operação eficiente e flexibilidade. “As máquinas ficam conectadas em tempo integral por meio da rede 5G, cujos algoritmos permitem a identificação rápida de possíveis falhas e da necessidade de manutenção, evitando paradas. Ao promover a conexão entre as máquinas, a rede 5G facilita a adequação do ambiente fabril à infraestrutura existente, impedindo mudanças drásticas. Além disso, a baixa latência para transmissão de dados da rede reduz o tempo de execução das atividades”, explica.

José Borges Frias Júnior, executivo de marketing das divisões Digital Factory e Process Industries da Siemens no Brasil, tem opinião semelhante à de Roseiro, principalmente em relação à flexibilidade: “a quinta geração de redes celulares abre caminhos para a Indústria 4.0, melhorando quesitos como flexibilidade, versatilidade, usabilidade e eficiência das futuras fábricas inteligentes”, diz.

Para Frias, o 5G dará maior competitividade para as empresas, viabilizando a criação e a oferta de serviços de maior valor agregado dos fabricantes de máquinas aos clientes finais, como serviços de conectividade rápida (mais confiáveis) entre as máquinas, equipamentos e plataformas. “A conectividade é a base da transformação digital, já que a implementação de conceitos e tecnologias associadas à Indústria 4.0 e a aplicações de IIoT (Internet Industrial das Coisas), depende de sua existência e disponibilidade”, diz. Ele destaca que o foco do 5G está na comunicação máquina-máquina e na IIoT, “suportando comunicação com confiabilidade e latências muito baixas”.

A confiabilidade é um dos pontos-chave do uso do 5G no chão de fábrica, de acordo com Paulo Castelo Branco, presidente-executivo da Abimei – Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais. Ele aponta que a implementação do 5G vai trazer mais confiabilidade aos sistemas de integração necessários para o processo de transformação digital do parque fabril nacional nos moldes da quarta revolução industrial.

“Com a implementação do 5G, é possível ter um sinal de alta potência e velocidade muito superior ao que temos hoje para comunicação remota e transferências de dados com estabilidade e segurança”, afirma Castelo Branco.

Segundo João Alfredo Delgado, diretor executivo de Tecnologia da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, “a adoção de 5G é outro patamar”, pois permitirá um novo modelo de negócio: a servitização. Neste modelo, as máquinas são vendidas já com um serviço de análise de dados acoplado. A Abimaq considera fundamental a implementação do 5G para o setor industrial, visto que a previsibilidade permite o dimensionamento e o controle da capacidade produtiva, assim como da manutenção e logística.

Foco nas empresas – A cobertura das redes anteriores – 2G, 3G e 4G – foi projetada para pessoas físicas. Portanto, as redes atuais de celular não atendem às necessidades das aplicações industriais nos quesitos cobertura, disponibilidade e confidencialidade dos dados. “A falta de conectividade impede o avanço da digitalização da indústria na medida que não viabiliza a implantação de uma infraestrutura compatível com as demandas por eficiência”, salienta Borges Frias, da Siemens.

Para Roseiro, da Huawei Brasil, o melhor uso do 5G na indústria está diretamente relacionado à identificação das aplicações necessárias (robotização, videovigilância com realidade aumentada etc) antes de definir os recursos de conectividade que serão usados na fábrica. “Esse é o diferencial da rede 5G: ela se adapta a cada cenário, tornando customizável o uso da tecnologia nas fábricas, de acordo com as demandas. Essa capacidade da rede 5G é chamada de ‘network slicing’, ou seja, o fatiamento da rede para entregar o SLA (Service Level Agreement – Acordo de nível de serviço) que cada indústria necessita para a sua melhor eficiência”, afirma.

5G no Brasil – Na opinião de João Delgado, da Abimaq, a mudança atingirá todas as empresas, por “uma questão de sobrevivência”. A entidade defende que a indústria deverá realizar estudos para validar conexões em redes privadas em ambientes internos, uma vez que as redes privadas permitem que sites industriais controlem e gerenciem as suas próprias redes, permitindo alta confiabilidade, baixa latência e capacidade de reconfiguração da rede para atender novas demandas (flexibilidade).

Já na visão de Paulo Castelo Branco, presidente da Abimei, a adoção do 5G dependerá do porte das empresas. “Os benefícios serão de alcance gradual, de acordo com a necessidade e capacidade de investimento de cada empresa. Mesmo nas indústrias em que os equipamentos são mais antigos, existe a possibilidade de adaptação dos sistemas de coleta de dados e transferência para a integração com equipamentos mais modernos”, afirma. Para ele, o importante é que sejam dados os primeiros passos para a implantação do 5G, que “hoje é imprescindível para que o Brasil seja inserido definitivamente na transformação digital”.

Borges Frias, da Siemens, diz que empresas de todos os tamanhos serão beneficiadas com a tecnologia, que vai apoiar projetos em andamento por meio de conectividade entre máquinas, pessoas e objetos. “O 5G com faixas de frequências específicas para o uso da indústria e seguindo padrões mundiais, como a faixa de 3,5 GHz, já usada em alguns países e regulamentada na Alemanha, tornará possível o desenvolvimento de produtos em larga escala, barateando a tecnologia. Atualmente é impossível utilizar bandas harmonizadas globalmente, o que leva a indústria a investir em soluções com baixa eficiência e maior custo”, argumenta. Ele também aponta que os procedimentos para solicitação de uso dessas bandas (3,5 GHz, por exemplo) precisam ser simplificados do ponto de vista técnico e econômico para evitar a criação de barreiras desnecessárias, especialmente para PMEs e start-ups.

Em termos de custos, Carlos Roseiro (Huawei) concorda que o 5G é bastante acessível, mas lembra que a tecnologia não gera benefícios sozinha: “Vantagens de maior eficiência e produtividade serão alcançados por meio de uma transformação digital com 5G, mas também com outras tecnologias como Inteligência Artificial, Edge Computing, Storage e Cloud Computing”. Ainda sobre os custos, ele menciona que a rede 5G é acessível na medida em que o retorno sobre o investimento é elevado, ou seja, investir na tecnologia significa obter ganhos de eficiência e produtividade de forma compensatória.

A expectativa da Siemens é que as necessidades da indústria, de manufatura ou de processos, sejam consideradas na consulta pública da Anatel, “de modo que todo o potencial de transformação digital, apoiado nos conceitos da Indústria 4.0, se torne realidade”. Para Frias, é fundamental que o edital preveja e regulamente a reserva e o acesso a um espectro de frequência 5G para uso específico da indústria, a exemplo do que já acontece na Alemanha. (Sheila Moreira / Usinagem-Brasil)

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