São Paulo, 26 de abril de 2024

16/01/2016

Fordismo versus manufatura flexível


(*) Alfredo Ferrari

(17/01/2016) – No início do século passado, por ocasião da Revolução Industrial, o conceito da fabricação seriada dos bens duráveis se baseava em grandes quantidades, onde o custo dos produtos era calculado nos lotes econômicos volumosos e nos contratos a longo prazo para a produção de peças. O exemplo clássico deste conceito foi o do pioneiro Sr. Henry Ford que implantou as primeiras linhas de montagem em série de um único modelo de automóvel, onde o comprador podia escolher qualquer cor do seu carro, desde que ela fosse preta. Nesse período, as máquinas-ferramenta eram mecânicas e, em geral, desenvolvidas e preparadas para produzir grandes séries da mesma peça, ou seja, máquinas dedicadas, seriadas e especiais. Isto é o chamado “fordismo”, cujo conceito perdurou durante muitas décadas.

A indústria de manufatura no mundo vem passando por rápidas transformações. Diferentemente do passado, um mesmo produto pode ser diversificado para atender os mais variados desejos do consumidor, como o seu grau de desempenho, detalhes construtivos, a cor e muitas outras exigências, dependendo do produto. Outro fato importante, que determina essas transformações, é o tempo do ciclo de vida do produto, que vem diminuindo cada vez mais, em face dos processos de inovação provocados pelas evoluções tecnológicas e que fazem movimentar o mercado consumidor. A fim de acompanhar essa evolução do mercado, os processos de fabricação tiveram que se adequar para se tornarem mais rápidos, flexíveis e econômicos.

Hoje, o conceito moderno de trabalho na manufatura de bens duráveis é o da “flexibilidade”. A diversificação de produtos, a rápida substituição dos modelos produzidos e a forte concorrência, doméstica e internacional, fizeram com que a produção de um mesmo item fosse drasticamente reduzida. Lotes econômicos de grandes séries foram substituídos por métodos de controle da produção, como o “Just in time”, o “Kanban” e outros. Máquinas digitalizadas dotadas de controle numérico computadorizado (CNC) passam a substituir aquelas puramente mecânicas e dedicadas à alta produção de alguns poucos itens. As modernas máquinas-ferramenta CNC possibilitam usinagens completas de uma determinada peça em uma única fixação, eliminado diversas operações secundárias de forma econômica e garantindo a precisão e a qualidade do produto.

Novas tecnologias estão surgindo para tornar a fabricação de bens duráveis mais ágil, mais produtiva, mais flexível, com maior rentabilidade e gerando produtos cada vez mais precisos e eficientes. A prática de tecnologias modernas como a utilização de máquinas CNC multitarefa, centros de usinagem de cinco eixos, microusinagem no torneamento e no fresamento, gravação a laser, manufatura aditiva através de impressoras 3D, medição em processo, carga e descarga de peças feitas através de robôs articulados ou manipuladores dedicados, comissionamento virtual do processo produtivo, com a possibilidade de integração destes equipamentos num ambiente ciberfísico, que possibilita programação, controle do trabalho e interação entre todos os elementos do conjunto produtivo, para a produção automática e contínua, são a tônica da manufatura flexível avançada. Este conceito foi apresentado em 2013 na Alemanha e chamado de Indústria 4.0.

Para exemplificar, ao contrário dos conceitos de produção idealizados pelo sr. Ford, as modernas linhas de montagem de automóveis são automatizadas e flexíveis, podendo o consumidor escolher as características de desempenho do motor, o tipo de câmbio, a cor do veículo, diferentes acessórios, como conexão com internet, GPS, telefonia e outros benefícios oferecidos pela evolução tecnológica.

É uma nova revolução esta que estamos vivenciando no ambiente da manufatura e que apresenta soluções que veem aos poucos se introduzindo em diversos segmentos industriais.

(*) Alfredo Ferrari é engenheiro mecânico e vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura da Abimaq.

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